No momento em que se questiona
tanto a safra dos goleiros brasileiros, dois grandes clubes passam por
situações distintas em relação aos seus arqueiros.
Por um lado temos o Denis, do São
Paulo, que encara um dos maiores desafios do futebol brasileiro atual: ser o
sucessor de Rogério Ceni, o maior ídolo do clube de todos os tempos.
Por outro lado, Cássio, do
Corinthians, que perdeu espaço para o então reserva Walter após cair de
produção e que agora tem de correr atrás do prejuízo em sua carreira.
Vamos por parte.
No final do ano passado, quando
Rogério Ceni foi a público anunciar sua aposentadoria, muitos se perguntaram:
Quem será o substituto do Mito?
Falou-se muito sobre contratações
de peso para a posição, porém boa parte da torcida acreditava no desempenho de
Denis para o posto.
O próprio Rogério Ceni foi cabo
eleitoral do jovem goleiro, que se mostrava preparado tecnicamente. Em plena
condição física, o então camisa 12 havia superado uma cirurgia no ombro direito
e só lhe restava a chance de assumir de vez a camisa 1.
A esperada chance chegou e tudo
tinha para dar muito certo, não fosse a má fase que a equipe enfrentava no
início de temporada - o Tricolor fez um campeonato Paulista mediano e um início
de Libertadores desastroso, por pouco não ficou de fora das oitavas de final da
competição.
É bem verdade que Denis andou
falhando em alguns lances importantes, mas na maioria dos gols sofridos em que
foi massacrado pela torcida são-paulina o goleiro não teve a menor culpa.
Que fique claro que não sou
defensor absoluto de Denis e nem estou aqui tentando dizer que ele é o melhor
ou o pior goleiro para o São Paulo. Apenas acho que a torcida precisava
encontrar um culpado e nada melhor que esse cara fosse o goleiro, o
"indivíduo" que, na ilusória visão da maioria, deveria no mínimo ser
igual a Ceni - o que é uma loucura. Dessa forma Denis passou a ser perseguido
durante longo tempo.
Atualmente a situação está mais
controlada, mas não finalizada. Ainda vejo comentários absurdos sobre a atuação
dele. Ontem, na partida contra o Flamengo, Denis teve uma atuação muito boa.
Foi preciso em defesas que evitaram a derrota Tricolor e não teve nenhuma culpa
nos dois gols que sofreu.
Já com o goleirão Cássio a
história foi um pouco diferente, mas não menos negativa.
Em nenhum momento o desempenho do
camisa 12 alvinegro foi contestado pela torcida corintiana. Pelo contrário.
Mesmo sabendo que Cássio já não tinha o mesmo condicionamento físico e sua
produção estava em decadência, a torcida continuou ao seu lado.
O fato é que no futebol tem que
jogar quem está melhor. E neste momento, Walter está muito mais preparado para
atuar com a camisa do timão.
O preparador de goleiros,
responsável por condicionar (físico e tecnicamente) os atletas, tem a palavra
final para indicar quem é o seu melhor "aluno". Obviamente cabe ao
treinador escala-lo ou não.
Mas Cássio parece não aceitar o
fato de que a culpa por hoje estar esquentando o banco de reservas é
exclusivamente dele.
Depende apenas dele ser um
"aluno" aplicado ou não. Depende apenas dele controlar seu peso.
Depende apenas dele recuperar sua velocidade e agilidade. Depende apenas dele
mostrar seu interesse em querer ser o titular absoluto.
Ou seja, não pegou nada bem para
Cássio tentar jogar a culpa do seu descontentamento como atleta para cima do
preparador de goleiros Mauri Lima, que por sinal é um excelente profissional.
A situação de Cássio agora parece
insustentável. Creio que não haja mais clima para ele continuar como atleta do
Corinthians e acredito que o melhor cenário para ambos seria uma negociação com
algum outro clube de grande porte.
Com certeza Cássio é um goleiro
de muito potencial. Aliás, potencial para leva-lo à seleção brasileira - principalmente
agora com Tite no comando canarinho. Porém falta mais vontade, mais ambição,
mais "sangue nos olhos".
Na partida de ontem, contra o
Botafogo (RJ), Cássio foi o titular da partida, já que Walter está machucado e
não pôde ir à campo.
E há quem vá discordar, mas achei
que o arqueiro corintiano falhou no gol de Leandrinho, aos 27 minutos do
primeiro tempo. Com 1,96 metro de altura, não poderia ter aceitado uma bola
pelo alto que praticamente passou pelas suas mãos.
Um ato de displicência que custou
um gol. Sorte a dele que o timão venceu a partida (3 a 1).
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*Texto escrito para o site Voa Goleiro