A Seleção Brasileira vai encarar a Seleção do Paraguai, no próximo sábado, às 18h30 (Brasília), em partida válida pelas quartas de final da Copa América 2015.
O que mais tem se falado nesse momento é punição que o atacante Neymar recebeu após se envolver em confusões na partida contra a Colômbia.
Tudo isso porque Neymar, que indiscutivelmente é um grande jogador, deixa nesse momento a Seleção Brasileira órfã na competição.
É inegável que há uma "Neymar-dependência" nessa equipe comandada por Dunga.
Não que a culpa seja do nosso atual treinador e sua comissão técnica.
Embora eu discorde de algumas convocações, a começar pelo goleiro Jefferson, reputo esse mal momento à péssima geração de atletas e ao modelo estrutural adotado pelo CBF, que ao meu ver parou no tempo e hoje vive arrogantemente do nome construído ao longo do últimos anos.
É real a chance de o Brasil sequer passar pelo Peru no próximo sábado. O que não seria nenhuma novidade.
Não sejamos arrogantes (como a própria Seleção Brasileira) ao ponto de achar que chegaremos tranquilamente na decisão dessa competição porque seria o mesmo que acreditar que o Massa será o próximo campeão da Fórmula 1 de 2015.
A atual situação da equipe brasileira me fez relembrar uma partida da mesma Copa América, na mesma "quartas de final", só que 22 anos atrás (1993), e contra a arquirival Argentina.
Embora o Brasil tenha sido desclassificado (nos pênaltis), há um enorme diferença daquela partida realizada nos anos 1990 para qualquer resultado que aconteça no próximo sábado, a começar pela escalação.
Enquanto hoje depositamos toda nossa esperança em um único jogador, em 1993 havia uma disputa de craques que poderiam chamar a responsabilidade e resolver qualquer parada.
Além disso, era notória a vontade dos atletas em representar o país. Você percebia a garra, a vontade, o espírito, além, é claro, da qualidade técnica que transbordava no futebol brasileiro. E não me refiro a essa partida, mas a essa antiga geração dos anos 90.
Na partida contra a Argentina o Brasil entrou em campo com a seguinte escalação:
Zetti, Cafu, Antonio Carlos, Valber, Robertos Carlos, Luisinho, Boiadeiro, Zinho, Palhinha, Muller e Edmundo.
No banco ainda tinha Taffarel (que na verdade era o titular na competição), Viola, Marquinhos, César Sampaio, Edilson, Elivélton, entre outros.
Ou seja, uma máquina de jogadores prontos para encarar de igual para igual qualquer desafio que lhe parecesse assustador, todos atuando no Brasil, com excessão de Taffarel que já havia sido transferido para o Parma.
O JOGO
No geral, o Brasil foi melhor do que a Argentina no tempo normal.
Comandou o primeiro tempo com as jogadas geniais do ataque tricolor formado por Muller e Palhinha, com apoio do lateral direito, também do São Paulo, Cafú.
E foi com Muller, numa de suas típicas jogadas, quando avançava pela esquerda, invadindo a área e cortando para a direita, que o atacante abriu o placar depois de mandar uma bomba no canto direito do goleiraço Goicoechea.
Cafú teve uma ótima chance quando invadiu a área e, mesmo derrubado pelo defensor argentino, chutou de perna direita e acertou a trave do adversário.
Só dava Brasil.
Um toque de bola bonito, envolvente, no estilo brasileiro, sim, porque naquela época ainda podíamos dizer que esse era o estilo brasileiro...
A Argentina conseguiu equilibrar a partida na segunda etapa.
Zetti não teve muito trabalho e foi efciente nas situações que exigiram um pouco mais de trabalho.
Até que Leo Rodrigues acertou um bonito cabeceio e mandou a bola na gaveta de Zetti. O goleirão da seleção canarinho se esticou todo e por pouco não chegou na bola que, antes de morrer no fundo do gol, beliscou carinhosamenta o travessão.
O Brasil ainda tentou o gol da vitória, mas parou nas mãos de Goicoechea e na falta de sorte de Muller e Palhinha.
O jogo termina 1 a 1 e a decisão vai para a disputa de pênaltis.
Infelizmente Boiadeiro bate mal (muito mal), na meia altura, fácil para o camisa 1 argentino defender.
Na sequência, Jorge Borelli converte e dá a classificação à Argentina para a semifinal da competição.
Sim, foi uma desclassificação, mas de forma totalmente diferente à situação que vive o Brasil hoje.
Mesmo perdendo, o torcedor com certeza ficava satisfeito, porque o futebol era bonito e impunha respeito.
Respeito esse que acabou há alguns anos, principalmente depois do fatídico 7 a 1 sofrido na última Copa do Mundo, aqui mesmo no Brasil, contra a Alemanha.
Muitos me chamam de saudosista, e talvez eu seja mesmo.
O fato é que é impossível não sentir falta do Brasil das copas passadas, dos tempos em que a arte fazia questão de grudar nas chuteiras dos nossos atletas.
Será que um dia voltaremos a ser o Brasil de antigamente?