sábado, 8 de setembro de 2012

Raí: "O Rei do Morumbi"

Hoje é um dia muito especial para o torcedor do São Paulo.
 
Há exatos 25 anos, chegava ao Morumbi uma figura que viria a ser um dos maiores ídolos da história do clube paulista: Raí Souza Vieira de Oliveira.
 
Destaque no Botafogo de Ribeirão Preto, que lhe rendeu, inclusive, convocações para alguns jogos pela seleção Brasileira, Raí chegou a ser cogitado pelo Corinthians, mas acabou caindo no Tricolor.
 
Sua estreia aconteceu apenas na última rodada do primeiro turno do Campeonato Brasileiro, em 18 de outubro, na derrota por 1 a 0 para o Grêmio. O seu primeiro gol pelo clube viria no terceiro jogo, na vitória por 2 a 0 sobre o Goiás.
 
Mas o seu destino como campeão no clube das três cores já estava traçado. Menos de dois anos após sua chegada, Raí levantava seu primeiro troféu como jogador profissional. Foi campeão Paulista de 1988. Era o começo de uma carreira brilhante.
 
Ainda sem Telê Santana, em outubro de 1990, o jogador tinha balançado as redes apenas 26 vezes em mais de três anos. Faltava algo para o grande craque deslanchar. Nesse período alguns críticos já ensaiavam contestações ao jogador.
 
Mas, em 1991, Telê Santana, que reconhecia de longe o potencial de um atleta, assumia a equipe são-paulina. E bastou o mestre iniciar seus trabalhos como treinador para que Raí desencantasse. Foram 28 gols apenas em 1991, sendo 20 deles no Campeonato Paulista daquele ano, marca que o levou à artilharia da competição.
 
Telê sabia que poderia contar com Raí. O jogador se mostrava cada vez mais preparado para ser o líder da equipe dentro das quatro linhas. Tinha o respeito dos seus companheiros, a frieza para reverter jogadas em gols, personalidade, espírito de equipe, habilidade e comando. Era tudo que Telê precisava para iniciar os trabalhos em busca da formação de um verdadeiro esquadrão.
 
Não demorou muito para Raí assumir a braçadeira de capitão.
 
O primeiro título como capitão aconteceu em 1991, contra o rival Corinthians. Na primeira partida, Raí só faltou fazer chover dentro de campo. Marcou os três gols na vitória por 3 a 0. O primeiro, diga-se de passagem, foi um golaço do meio da rua (como se diz no futebol) que atingiu o ângulo direito do gol do goleiro Ronaldo. Esse resultado deu tranquilidade ao São Paulo que empatou a segunda partida (O a O) e sagrou-se campeão.
 
Foi, para mim, uma das partidas mais brilhantes de Raí. Umas das que dificilmente esquecerei...
 
Assista ao vídeo com os melhores momentos dessa grande final:
 
 
 
Ainda em 1991, já com uma "máquina mortífera" - apelido dado pelo jornalista Roberto Avallone, em alusão ao filme de Mel Gibson -, o São Paulo conquistou o Campeonato Brasileiro ao derrotar o Bragantino, comandado pelo Carlos Alberto Parreira. Raí foi peça fundamental na campanha do São Paulo. De quebra, foi o artilheiro do clube marcando sete gols.
 
O título Nacional daria ao Tricolor a chance disputar uma Libertadores da América no ano seguinte, em 1992.
 
O São Paulo não só disputou como deu show e foi o campeão da América de 1992, com Raí mais uma vez artilheiro do time de Telê Santana. Foi extremamente decisivo ao marcar o gol que levou a final à disputa por pênaltis. Nas penalidades, converteu o seu e esperou a defesa de Zetti no chute de Gamboa - do Newell´s Old Boys - para dar o título ao Tricolor, em pleno Morumbi, diante de 120 mil torcedores. 
 
E, para completar ainda mais a boa fase, o São Paulo foi a Tóquio e voltou com o título de Campeão Mundial de Clubes após derrotar o temido e respeitado Barcelona, comandado pelo fantástico Johann Cruyff, no Estádio Nacional de Tóquio. Com mais de 60 mil torcedores, Raí marcou os dois gols do Tricolor: um de barriga e o outro em perfeita cobrança de falta, deixando o goleiro Zubizarreta completamente sem reação.
 
Para variar, Raí foi considerado o melhor jogador do Mundial.
 
Era um momento histórico para o São Paulo Futebol Clube, para o seu torcedor e para o futebol brasileiro que, há tempos, não tinha um reconhecimento mundial.
 
Veja imagens do Mundial de Clubes de 1992:
 
 
 
Na volta ao Brasil, o São Paulo teria outra dura missão: Disputar o título Paulista contra o rival Palmeiras.
 
Implacavelmente venceu o Verdão por 2 a 1 e sagrou-se mais uma vez campeão Paulista. Dava gosto ver a equipe de Telê jogar com Raí em campo. Era um verdadeiro maestro.
 
Vale lembrar que, antes de partir para Tóquio, Raí chegou a marcar cinco gols em um mesmo jogo, na vitória sobre o Noroeste, por 6 a 0, pelo mesmo campeonato Paulista.
 
Assista aos 5 gols de Raí sobre o Noroeste:
 
 
 
No começo de 1993, eis que surge a notícia que o torcedor são-paulino menos gostaria de ouvir: Raí foi negociado junto ao Paris Saint-Germain, da França, por 4,6 milhões de dólares. A boa notícia, no entanto, é a de que ele ficaria até o meio do ano e ajudaria o clube do Morumbi na sua luta pelo Bi da Libertadores.
 
Sem dar chances ao Universidad Católica do Chile, seu oponente na final da competição continental, o Tricolor conquistou o bicampeonato da Libertadores da América de 1993. Na primeira partida, no Morumbi, Raí registrou seu gol aos 15 minutos da etapa inicial.
 
Sua despedida ocorreu no dia 3 de junho de 1993, na vitória por 6 a 1 sobre o Santos.
 
A VOLTA
 
Raí passou quase 5 anos na França, onde recebeu o rótulo de Rei da França. Assim como no São Paulo, deixou sua marca pelo seu bom caráter e pela competência dentro de campo. Virou ídolo por lá também.
 
Mas em 1998 percebeu que seu ciclo do PSG havia terminado e assim resolveu voltar ao Brasil e encerrar sua carreira no seu clube de coração: o São Paulo Futebol Clube.
 
O Tricolor havia feito uma campanha incontestável no Paulistão daquele ano. Foi à final contra o Corinthians e empatou a primeira partida.
 
Durante a semana que antecedia a grande finalíssima, Raí volta para o São Paulo, é inscrito na competição.
 
Lembro-me bem desse jogo. Raí havia chegado da França naquele mesmo dia. Havia certa expectativa com relação a ele entrar ou não em campo. Ninguém sabia se Raí jogaria aquela final, embora, como citei, ele estava inscrito. Bastava o aval do técnico Nelsinho Batista.
 
Porém, so quando o estádio anunciou a escalação é que tivemos a plena certeza de que ele realmente estava de volta. Só nesse momento a ficha caiu.
 
Eu estava na geral azul, bem próximo do gol do Rogério Ceni na etapa inicial. A visão para o ataque são-paulino não era tão nítida, já que esse setor do Morumbi deixa o torcedor praticamente no mesmo nível dos atletas.
 
De repente, um silêncio de dois segundos e, logo em seguida, uma explosão na torcida são-paulina. Sim, era o gol.
 
A comemoração foi instantânea.
 
Não dava para saber quem havia chutado ao gol. A expectativa sempre é de ver o craque do time fazendo o gol. E, naquela ocasião, haviam Denilson, França, Serginho e Raí. Na minha cabeça, só poderia ser um deles.
 
O jeito foi aguardar o placar eletrônico anunciar o autor. Foi o que eu fiz.
 
A alegria ganhou proporção ainda maior quando o nome dele apareceu no placar. Após 5 anos fora do clube de coração, o rei do Morumbi estava de volta, mais uma vez numa final, para marcar história, para fazer o torcedor ir à loucura. O gol foi dele, do grande Raí, de cabeça. 
 
No segundo tempo o São Paulo ampliou com dois gols de França em tarde inspiradíssima de  Denilson. São Paulo Campeão Paulista de 1998.
 
Raí encerrou sua carreira como jogador profissional em julho de 2000 e seu último gol vestindo a camisa Tricolor foi contra o Palmeiras, no Palestra Itália.
 
É, sem dúvida, um dos jogadores mais importantes da história do São Paulo Futebol Clube.
 
Depois de Raí, nunca mais houve um camisa 10 com o seu perfil.
 
Obrigado, Raí.
 
 

2 comentários:

Binhozinzis disse...

Ótima Matéria!! Que texto!! Parabéns.. e pra nós por ter visto esse ícone jogar...

Fernando Richter disse...

Obrigado, Binho.
Seja sempre bem-vindo por aqui.