Defesa de Yashin (Aranha Negra) |
Na
decisão de um jogo de futebol, a atuação do goleiro é tão importante quanto os
gols. O único jogador do time a ter um treinador específico é o goleiro. Porém, como descreve o escritor Paulo Guilherme, em seu livro "Goleiros" (2006), é
ele também que está sempre entre o céu e o inferno, podendo, em segundos, tornar-se
ídolo ou vilão.
Encarar
craques como Pelé, Zico, Maradona e Messi pela frente é uma missão difícil.
Guilherme (2006) conta que os primeiros goleiros
a se destacarem e se tornarem ídolos em seus clubes e seleções foram Lev
Yashin, conhecido como Aranha Negra, da antiga União Soviética, e o inglês Gordon
Banks, que ficou marcado por fazer uma das defesas mais belas da história do
futebol em um cabeceio de Pelé, na Copa de 1970, disputada no México.
Assim
como a defesa do inglês Banks, algumas bolas defendidas por certos goleiros
acabam entrando para a história do futebol por conta da sua dificuldade. Foi o
caso das sequências de defesas realizadas pelos goleiros Zetti, do São Paulo,
na Copa Libertadores da América de 1993 e do goleiro uruguaio Rodolfo
Rodrigues, em 1984, quando ainda defendia a equipe do Santos. Segundo o livro
“Goleiros” (2006), outra defesa que ficou gravada na lembrança dos apaixonados
por futebol foi protagonizada pelo colombiano René Higuita, conhecido por seu
jeito irreverente. Corajoso, Higuita praticou a interceptação de um gol de uma
forma não muito convencional entre os atletas da posição. Ele saltou com os
dois pés erguidos para trás de seu corpo e, com as travas da chuteira, mandou a
bola para bem longe de sua área. A tal façanha ganhou o nome de defesa
“escorpião”.
Porém,
o colombiano também ficou marcado por conta de um lance decisivo na Copa da
Itália, em 1990, quando tentou driblar o atacante camaronês Roger Milla, perdeu
a bola e sofreu o gol, o que lhe custou a eliminação da Colômbia no Mundial.
À esquerda, Gordon Banks defendendo cabeceio de Pelé. À direita, defesa escorpião de Higuita |
A
seleção brasileira também teve goleiros inesquecíveis. Castilho, do Fluminense,
e Leão, do Palmeiras, foram os goleiros que mais disputaram Copas do Mundo
defendendo a seleção brasileira. Cada um jogou quatro Copas. Ainda segundo a
obra de Paulo Guilherme (2006), o Brasil sempre esteve bem servido de goleiros.
Além do injustiçado Barbosa, grandes nomes como Gilmar, Manga, Felix, Waldir
Perez, Carlos, Marcos, Dida, entre outros, também vestiram a camisa do Brasil e
deixaram boas lembranças. Um deles, em especial, dificilmente cairá no
esquecimento da nação.
Taffarel arrumando a barreira |
Cláudio
André Taffarel foi o astro brasileiro da Copa de 1994 que tirou o Brasil de uma
longa fila de 24 anos sem uma conquista de Mundial. Guilherme (2006) conta que
Taffarel não vivia o melhor de sua fase como jogador de futebol. Na Itália,
havia cometido falhas grotescas atuando pelo Parma. Enquanto vinha de seguidas
falhas, inclusive pela Seleção Brasileira, Zetti, jogando no São Paulo era o
nome mais pedido pela torcida e pela mídia brasileira. Mas, partindo do
princípio de que goleiro é a peça de confiança do treinador, como disse
Guilherme, em “Goleiros” (2006), Carlos Alberto Perreira, comandante da seleção
canarinho na época, resolveu convocar Taffarel e dar mais uma oportunidade ao
goleiro, já que o goleiro já tinha vivido a experiência de jogar pelo Brasil em
1990. Parreira até chegou a ser questionados por alguns críticos, mas seguiu
seu instinto e manteve sua decisão. O escritor José Augusto de Aguiar Costa
(2008) acreditava que Taffarel era diferente de todos. Para ele, o goleiro
sempre foi sereno, de ótimo caráter e avesso às confusões que acercam o
futebol. Ouvia calado as pesadas críticas que a imprensa fazia, mas procurava
responder em campo sem pensar em revanche, apenas buscando o bem da sua equipe.
As respostas, no entanto, vieram no melhor estilo. Ele foi fundamental na
conquista da Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, no qual até o pênalti
de Massaro ele defendeu na final. Como disse Guilherme (2006), a estrela de
Taffarel, enfim, brilhou. Costa (2008) conta que com a conquista Taffarel passou a ser considerado
herói daquela equipe que tinha Romário e Bebeto no ataque. Porém, o jogador faz
questão de negar o rótulo, conforme diz o livro “Heróis do esporte, heróis da
vida” (2007), do escritor José Augusto de Aguiar.
Taffarel comemorando título do Brasil na Copa do Mundo de 1994 |
Quatro anos mais tarde,
ele estava de volta a uma Copa do Mundo, dessa vez na França. Foi a terceira
Copa seguida do camisa 1 como titular, algo até então inédito, como diz Costa
(2008), para um goleiro brasileiro. Seu auge foi na semifinal contra Holanda.
Naquele dia Taffarel estava intransponível. Graças às suas defesas durante a
partida, a decisão foi para disputa de pênaltis e, mais uma vez, Taffarel
estava lá para salvar a seleção. Era novamente o dia do goleiro que defendeu as
cobranças de Ronald de Boer e Cocu. Com isso, o Brasil avançou à final. Ao
término da partida ele declarou que o feito não tinha sido ele, mas sim Deus,
descreve Costa (2008).
Para tristeza do povo
brasileiro, a final não foi como se imaginava. Após os problemas de Ronaldo,
fora das quatro linhas, o Brasil foi a campo abalado deixou escapar a chance de
conquistar o penta campeonato. A anfitriã França, de Zinedine Zidane, venceu
por 3 a 0 o Brasil de Taffarel e deu ao seu país o inédito título mundial.
Com a mudança de treinador
após a copa, Taffarel começou a perder espaço e, em 2003, decidiu encerrar
carreira, da mesma forma serena que sempre levou a vida, sem despedidas ou
festa, mas com o status de um dos principais goleiros que já vestiram a camisa
da seleção Brasileira, como citou Guilherme (2006).
Um comentário:
Hi, Jonh.
Thank you for the comment. You will always be welcome here.
a hug
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