Às vezes a gente cai numa nostalgia danada e passa o dia todo recordando momentos inesquecíveis. Digamos que hoje foi um dia assim para mim.
Porque muitos olham o futebol apenas como uma forma de extravasar suas raivas, angústias, iras, enfim, tudo aquilo que lhes afligem. Mas esquecem que ele (futebol) tem muito mais a nos passar como lição de vida, de respeito, enfim, há muito a ser discutido.
Costumo dizer que Pelé, Ayrton Senna e Telê Santana são mitos do esporte que jamais serão superados. O último, na minha opinião, é a pessoa responsável por fazer do futebol a magia mais encantadora. Telê provou a todos que jogar lealmente, sem desrespeitar o adversário, sem agir de má fé, sem maldade, e se dedicando nos treinamentos da profissão, o Brasil teria o melhor futebol do mundo.
O mestre, como é considerado por todos, estava certo. Mostrou ao mundo um esquadrão que beirava a perfeição. E digo "beirava" porque nada e nem ninguém neste plano existencial consegue ser perfeito. Todo ser-humano está sujeito a um descuido, a uma falha. E foi justamente por isso, por cometer um deslize durante a Copa do Mundo de 1982, que o futebol mais bonito já visto na história perdeu a invencibilidade e, consequentemente, o título da competição.
Por incrível que pareça, essa mesma equipe que não conseguiu atingir o objetivo máximo - sagrar-se campeã - foi extremamente aplaudida por todos os apreciadores do futebol. O que provavelmente não veremos se repetir.
Telê tinha o poder de fazer de um menino franzino, um jogador de alto vigor e habilidade. Era como transformar água em vinho. Não foram poucos os considerados "grossos" transformados em "craques". Porque o mestre tirava leite de pedra. Ele conseguia explorar aquilo que o atleta tinha de melhor e aperfeiçoar sua qualidade, nem que ela fosse pouca, quase inexistente. Cafú, Juninho Paulista, Ronaldão, Pintado, dentre outros, que o digam.
E essa nostalgia é tão boa que sinto uma vontade enorme de viver pelo futebol, de respirá-lo, de consumi-lo. É uma pena que hoje em dia não há um articulador como Telê no meio esportivo. Estamos carentes de futebol arte.
E aí, quando surgem garotos que dão sinais de terem nascido com o dom da arte nos pés, pessoas sem o menor romantismo pelo esporte tentam podá-los. Parecem preferir os "brucutus" e os "robotizados" aos talentosos e predestinados. Aposto que nestas ocasiões os deuses da bola choram de desgosto. Pensam: " Oras, por que, e para que, inibir aqueles que podem nos trazer a alegria do espetáculo de volta?"
Deixe Neymar aplicar o chapeuzinho, a caneta, a pedalada. Deixe o Ganso esbanjar categoria, classe com passes de pura elegância. Deixe o Valdívia ludibriar o adversário com um chuto falso. Deixe Lucas driblar dois, três, quatro, cinco, quem sabe até 11. Deixe o futebol voltar a ser "arte". Aposto, meu caros, que lá em cima, lá onde Telê tem seu camarote VIP, muitos aplaudirão de pé.
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