domingo, 17 de agosto de 2014

Choque-Rei de 1994: Um dos melhores que já vi

Logo mais, às 16hs, teremos Palmeiras e São Paulo se enfrentando no estádio do Pacaembu em partida válida pelo Campeonato Brasileiro de 2014. As duas equipes encontram-se em situações distintas na competição, o que deve garantir um Choque- Rei bastante eletrizante.
 
O mandante Palmeiras, que conta com força total, ocupa a 14ª colocação na tabela, com 14 pontos. Uma situação muito complicada, já que Figueirense, Botafogo e Flamengo (os três primeiros clubes que amargam a zona de rebaixamento) estão com 13 pontos ganhos. Ou seja, se o Verdão perder para o São Paulo dependerá de combinações de resultados para não entrar na próxima rodada na zona da degola. Preocupante.
 
Já o Tricolor Paulista entra em campo com equipe "quase" completa. Douglas, António Carlos e Osvaldo não jogam, pois cumprem suspensão automática por terem levado três cartões amarelos. No entanto, Rafael Tolói e Kaká, que foram poupados na partida contra o Bragantino, no qual o São Paulo perdeu 3 a 1 e foi eliminado da copa do Brasil em pleno o Estádio do Morumbi, devem reforçar o elenco neste domingo.
 
Mas, na verdade, eu gostaria de falar sobre algo do passado. Sobre uma partida entre Palmeiras e São Paulo que considero uma das mais fantásticas em termos de futebol bem jogado. Trata-se do primeiro jogo das oitavas de final da Taça Libertadores da América de 1994.
 
Nesse jogo, o Verdão foi melhor do que o Tricolor. E, embora tenha terminado em 0 a 0, esses dois gigantes do futebol brasileiro deram um show de habilidade, tática e inteligência. As redes só não balançaram porque de um lado tinha o goleiro Zetti que foi, sem a menor dúvida, o melhor em campo, praticando defesas inacreditáveis. Do outro, o Palmeiras contou com uma ajudinha do árbitro que não assinalou pênalti de César Sampaio sobre Euller.
 
Bom, mas aí você deve se perguntar: "Como ele pode dizer que foi um dos jogos mais fantásticos entre Palmeiras e São Paulo se sequer houve um gol para fazer a torcida explodir de alegria?". Ok, que te respondo.
 
O ano de 1994 foi um dos mais maravilhosos para o Futebol Paulista. O São Paulo, no comando de Telê Santana, vinha de uma sequência de títulos importantíssimos. Foi bicampeão da Libertadores da América e do Mundial de Clubes (92 e 93) e fazia uma campanha incrível na competição continental de 1994. O Palmeiras, comandado por Vanderlei Luxemburgo, havia conquistado o campeonato Paulista e montava uma equipe que viria a ser campeã brasileira do mesmo ano. Ou seja, se enfrentavam, naquele momento, os dois melhores clubes de 1994, indiscutivelmente.
 
Bom, mas nessa partida, em questão, o que me fez ficar de boca aberta foi atuação do goleiro Zetti, que defendeu até pensamento. O grande camisa 1 do São Paulo estava em sua melhor fase na carreira. Não foi por acaso que chegou a ser o quinto maior goleiro do Mundo ( o que na verdade foi uma verdadeira injustiça, pois não tenho dúvidas de que ele poderia alcançar o topo da lista - veja aqui a lista dos melhores goleiros do mundo em 1993).
 
O Palmeiras, como já citei, foi superior ao São Paulo, que dessa vez parecia mais cautelosa, pois sabia do potencial ofensivo do seu oponente. A equipe de Telê Santana resolveu esperar o adversário no seu campo de defesa para sair em busca de uma oportunidade nos contra-ataques. Por conta disso, Zetti teve de mostrar toda sua elasticidade e agilidade, além de um posicionamento perfeito, para salvar o que poderia ter sido uma goleada alviverde.
 
Foi um verdadeiro bombardeio. A bola vinha de todos os lados do campo, em todas as alturas. Tinha chute no ângulo direito, no ângulo esquerdo, meia altura, bola rasteira, enfim. Somente mesmo um goleiro muito bem treinado e determinado poderia resistir à genialidade de Edmundo, que, mesmo substituído na segunda etapa, foi o grande nome do Palmeiras.
 
Por falar em substituição, o craque Edmundo saiu de campo muito "P" da vida com o professor Luxa. Segundo o atacante, ele "já entrava em campo com a certeza que seria substituído", e isso ele não queria para a sua carreira. E se a situação entre jogador e treinador (do Palmeiras) não eram boas antes do clássico, depois deve ter ficado ainda pior. E o Zetti tem lá sua culpa por isso (risos).
 
Eu nunca escondi minha simpatia e admiração pela posição de goleiro. Talvez por isso, por eu prestar tanta atenção nesses caras, é que vejo essa partida como uma das mais incríveis. Primeiro pelo fato de ter em campo as duas maiores equipes que já vi jogar ( O São Paulo da era Telê e o Palmeiras da era "Parmalat"), segundo, pela beleza tática das duas equipes, e, terceiro, pela atuação impecável daquele que considero o maior goleiro que vi em atividade, o grande Zetti. 
 
Deixou saudades, com certeza. 
 
 

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