Muito se discutiu, antes do início da Copa do Mundo de 2014, sobre a utilização do uso de chip nas bolas de futebol na maior competição esportiva do mundo. Houve aqueles que acharam a ideia excelente e os que acharam um absurdo. Particularmente, não fui a nenhum extremo. Entendo que exista os dois lado da moeda nessa história. Como?
O futebol, principalmente na América do Sul, é regado de muita catimba e malandragem que se tornaram características desse esporte. O futebol profissional, embora hoje seja um trabalho com carteira assinada, com direitos trabalhistas, enfim, uma profissão como qualquer outra, carrega o espírito do amadorismo contidas nas peladas jogadas nas ruas, nas escolas, nos campinhos de bairro, etc. Isso é o futebol. Um esporte de alma popular, de simplicidade.
Jogador que se cai dentro da área para cavar um pênalti, ou atleta que desaba no gramado para fazer o jogo esfriar quando seu time está vencendo, ou aquela bola duvidosa que pode dar o título para uma equipe, quem sabe até, na situação adversa, custar a queda para uma divisão inferior, enfim. Tudo isso existe e é completamente normal dentro do futebol. Faz parte da cultura desse esporte usar da malícia, desde que não se confunda com violência, falta de respeito ou até mesmo discriminação.
Mas, com a chegada da tecnologia, acredito que o futebol esteja caminhando para algo cada vez mais robótico e sem graça. É o que eu chamo de acabar com a "essência do futebol".
Mas, com a chegada da tecnologia, acredito que o futebol esteja caminhando para algo cada vez mais robótico e sem graça. É o que eu chamo de acabar com a "essência do futebol".
No entanto, deixando de lado a visão de "torcedor apaixonado" e me colocando na pele do jogador, que trabalha para o esporte, vive do esporte, respira o esporte e depende do esporte para sobreviver, há de se concordar que a tecnologia permite a diminuição dos erros de arbitragem , o que faz o futebol ser mais justo àqueles que vivem dessa profissão.
Na última Copa do Mundo, por exemplo, que foi realizada na África do Sul, em 2010, Alemanha e Inglaterra se enfrentavam pelas oitavas de final. A equipe alemã vencia por 2 a 1. Aos 34 minutos da etapa inicial, o atacante inglês Lampard chuta de fora da área, a bola encobre o goleiro alemão, bate no travessão, ultrapassa claramente a linha que define se é gol ou não e depois volta para dentro de campo. Tanto o auxiliar de arbitragem quanto o árbitro da partida não consideraram o gol, que seria o empate da Inglaterra e que poderia ter mudado completamente a história dessa partida.
A partir desse episódio, a Fifa estudou muito a possibilidade até entender que deveria introduzir o chip na bola já para a próxima edição da competição, aqui no Brasil.
Pois é. Pelo que andei conversando com diversos amigos, jornalistas, especialistas em futebol, torcedores, simpatizantes do esporte, e até com pessoas da minha família, cheguei a conclusão que a decisão da Fifa não tem aprovação unanime. Pelo contrário. Há opiniões bastante equilibradas a respeito.
Na partida de hoje entre França e Honduras, válida pela primeira rodada da fase de grupos da Copa do Mundo de 2014, o atacante francês Benzema chutou de perna esquerda, a bola bateu na trave e logo em seguida explodiu nas costas do goleiro Valladares, que ainda tentou dar um tapa na pelota para evitar o gol. O lance foi muito rápido e bem mais difícil de saber se havia ou não cruzado a linha. Com ajuda da tecnologia, o árbitro brasileiro Sandro Meira Ricci assinalou corretamente o gol. E foi essa a primeira participação efetiva e decisiva da tecnologia do chip em uma competição Mundial.
Continuo defendendo o futebol do "espírito" limpo, sem ajuda dos robôs, com muita malícia, catimba, ginga, arte. Mas não posso negar que o meu senso de justiça ficou muito satisfeito ao saber que o "correto" venceu (nesse caso, o gol legítimo da França).
Com certeza voltaremos a discutir esse tema até o final dessa Copa.
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