Dessa vez não vou comentar o show de bola que rolou na Arena Pantanal, ontem, 24, na vitória elástica da Colômbia sobre o Japão, por 4 a 1, em partida válida pela fase de grupos da Copa do Mundo. A equipe da Colômbia tem mostrado um futebol alegre, ofensivo, com um time muito bem arrumado. Deve ser umas das sensações nesta Copa e com certeza teremos emoções garantidas nas oitavas de final, já que o confronto será com o Uruguai.
Mas o que gostaria de destacar hoje foi a belíssima homenagem que o técnico da Colômbia José Pekerman fez ao terceiro goleiro de sua equipe, o grande Faryd Mondragón, de 43 anos. Um veterano de Copa do Mundo, um goleiro pra lá de vitorioso no esporte bretão.
A Colômbia já vencia o Japão por 4 a 1 quando, aos 35 minutos do segundo tempo, Mondragón foi a campo, substituindo Ospina, para se despedir de vez da seleção de seu país e levar o torcedor à loucura. Com isso, Mondragón quebrou o recorde sendo o jogador de mais idade a disputar uma partida de competição mundial. Até então, o recorde pertencia ao camaronês Roger Milla, que disputou três copas do Mundo (!982, 1990 e 1994), a última delas aos 42 anos.
Uma atitude incrível da comissão técnica que reconhece a qualidade desse profissional. Aliás, mais do que uma homenagem, na minha opinião toda seleção de futebol deveria adotar o procedimento de convocar, como terceiro goleiro, um atleta de mais idade, como Modragón, para contribuir com ensinamentos e repassar suas experiências.
O terceiro goleiro, para quem não sabe, é um atleta que sequer treina debaixo das traves nos coletivos. Em 2006, por exemplo, os goleiros brasileiros convocado pelo técnico Parreira foram Dida (titular) e Rogério Ceni (reserva). O Júlio César, que hoje é titular da nossa seleção, era o terceiro goleiro, mas sequer atuava na sua posição. Ele era utilizado como jogador de linha para completar o time nos treinos. Isso quando não ficava de fora, apenas olhando.
E não fiquem com dó. É assim mesmo que acontece em todas as seleções. E é por isso que sou totalmente a favor de ter um goleiro mais experiente para ajudar nos treinamentos dos "guapos".
Já imaginaram o Marcos, o grande Marcão do Palmeiras, que foi a sensação da nossa seleção campeã do Mundo em 2002, fazendo parte da equipe atual? Aposto que seria muito mais produtivo do que o coitado do Jefferson, que não tem a menor chance de entrar em uma só partida dessa Copa no Brasil.
Mas voltando a falar do protagonista da vez, Mondragón é um velho conhecido no esporte. Passou por diversos clubes importantes da América do Sul, onde conquistou alguns títulos importantes.
Nascido em Cali, o colombiano iniciou sua trajetória no Deportivo Cali, em 1990. Passou por Real Cartagena (COL), Santa Fé (COL), Independiente (ARG), Argentinos Juniors (ARG), Real Zaragoza (ESP), entre outros.
Mas foi jogando pelo Cerro Portenõ, do Paraguai, que o vi pela primeira vez dentro de campo. A equipe paraguaia veio ao Brasil, enfrentar o São Paulo Futebol Clube, pelas semifinais da Taça Libertadores da América, em 1993. (O Tricolor do Morumbi sagrou-se bicampeão neste ano)
O cara simplesmente fechou o gol e foi o responsável por segurar o São Paulo dentro de sua própria casa. Sim, o São Paulo venceu a partida por 1 a 0, com gol de Raí, mas se não fosse Mondragón a história poderia ter sido outra, por isso digo que ele "segurou o São Paulo", Vale lembrar que perder por apenas um gol do time comandado por Telê Santana, dentro do Morumbi, tinha sabor de uma vitória aos adversários.
Lembro daquele dia como se fosse ontem. Mondragón fazia suas defesas milagrosas de um lado e Zetti retribuía do outro. Um jogaço com atuações incríveis dos dois goleiros. Jamais vou esquecer.
E hoje, ao ver o grande Mondragón se despedir da seleção Colombiana, nós, torcedores e apreciadores do bom futebol, nos despedimos de uma das melhores safras de goleiros já vista no futebol. Uma safra fantástica, quase perfeita.
Quem viu, viu. Quem não viu, uma pena.
E aqui fica meu agradecimento ao Mondragón, um dos maiores goleiros que a Seleção Colombiana já teve.
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