sábado, 21 de junho de 2014

Oberdan Cattani, Ídolo alviverde, morre aos 95 anos

O futebol está de luto.
 
Perdemos, na noite de ontem (20), uma figura pra lá de importante na história do esporte brasileiro.
 
O ex-goleiro Oberdan Cattani, um dos maiores ídolos da história do Palmeiras, faleceu no fim da noite desta sexta-feira, em São Paulo. Em abril, Oberdan havia sido internado com uma séria lesão coronariana, no qual foi diagnosticado com angina instável, e por isso teve de ser submetido a um cateterismo. 
 
Infelizmente Oberdan voltou a passar mal e teve se ser internado novamente. Há dez dias no hospital, já bastante debilitado, o grande goleiro alviverde não resistiu e morreu, aos 95 anos.
 
Meu avô, Sr. Murillo Tucci, um palmeirense pra lá de apaixonado, vivia me dizendo que o melhor goleiro que ele já tinha visto atuar foi o Oberdan. Para meu avô, o ex-goleiro tinha uma impulsão fantástica, além do dom de segura a bola, sem deixa-la escapar, com apenas uma mão.
 
O sonho do Sr. Murillo era me levar no Palestra Itália para conhecer Oberdan. Ele costumava dizer o seguinte: "Você, meu neto, que quer ser um goleiro profissional (sim, esse era o meu sonho de criança), precisa prestar atenção em todos os goleiros, inclusive de outras equipes. Mas ainda vou leva-lo ao Palestra para você conhecer o maior goleiros de todos os tempos, o Oberdan".
 
Meu querido avô faleceu em 2000 e não conseguiu realizar essa promessa. Mas parece que lá de cima ele conseguiu mexer os pauzinhos para que isso acontecesse.
 
foto tirada minutos depois que conheci Oberdan
 
Em 2003, participei de um jogo no estádio Palestra Itália, o Parque Antártica, organizado pelo querido amigo Dr. Antonio Carlos Meccia, à época Diretor Jurídico da Federação Paulista de Futebol. A pelada seria entre amigos do Magistrado de São Paulo e o combinado entre os participantes era que nos encontrássemos no estacionamento do estádio.
 
Enquanto todos os amigos não apareciam, batíamos um papo sobre futebol quando, de repente, chega no estacionamento do clube um carro preto (não me lembro o modelo). Um dos meus amigos, o palmeirense Márcio Guarnieri, vira para mim e diz:
 
"Fernandinho, dentro daquele carro que acaba de passar por nós e que está estacionando ali adiante está um dos maiores goleiros que o Palmeiras e o Palestra Itália já tiveram. É o carro de Oberdan. Quer ir trocar algumas palavras com ele?"
 
Nesse momento, só consegui pensar no meu avô. Lembrei de todas as suas tentativas, sem sucesso, de me levar para conhecer o grande ídolo alviverde. E minha resposta ao amigo Márcio foi quase que instantânea.
 
"Claro, Marcião. Com certeza. Vamos lá".
 
A abordagem ao ex-goleiro partiu do Marcião.
 
"Como vai, Oberdan? Tudo bem? Esse garoto é goleiro, joga bem, e é seu fã.
 
Oberdan estendeu a mão, olhou para mim de baixo para cima e disse: "Pelo menos mão de goleiro você tem, garoto", sorriu em seguida.
 
Oberdan foi muito educado e nos deixou bastante à vontade. Tão à vontade que contei a ele que gostaria de tentar o futebol como profissão. Recebi diversos conselhos incríveis. Além disso, ele me contou toda sua trajetória como goleiro do Palestra Itália e, anos mais tarde, do Palmeiras.
 
"A vida não é fácil para quem opta por ser um jogador de futebol. É necessário tem determinação, força de vontade e não se abater com as pedras que se encontra no caminho. Eu, por exemplo, tive muitas dificuldades antes de chegar aqui no Palmeiras. Mas se esse é o seu sonho, vá atrás e não desista", disse.
 
Infelizmente o destino me reservou outros desafios e não me tornei um jogador de futebol. Mas graças a Deus esses esporte está sempre presente na vida. Ou quando estou jogando nos campos dos bairro da Vila Mariana e da  Aclimação, ou quando estou escrevendo.
 
O fato é que posso me considerar um privilegiado, pois consegui conhecer o grande ídolo do meu avô e, anos mais tarde, tive o prazer de entrevistar o meu ídolo, o grande Zetti, que foi muito solícito ao contribuir para o meu documentário sobre goleiros (Onde não Nasce Grama, Surgem Ídolos).
 
Enfim, que Deus receba Oberdan Cattani de braços abertos.
E meu avô, lá em cima, deve estar fazendo festa pela chegada do seu ídolo.
 
Fica com Deus, Oberdan.
 
 
DADOS HISTÓRICOS
 
Considerado um dos maiores goleiros da quase centenária história do Verdão, Oberdan defendeu o clube palmeirense entre os anos de 1941 e 1954. No total, foram 351 jogos, sendo 207 vitórias, 76 empates e 68 derrotas, com as conquistas da Copa Rio de 1951 (considerado pelo clube como o primeiro Mundial Interclubes), o Torneio Rio-São Paulo de 1951 e quatro edições do Campeonato Paulista (1942, 1944, 1947 e 1950).
 
 
 

Nenhum comentário: