quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Ganso: Só saindo do Santos para voltar a jogar futebol

Bastou o árbitro apitar o fim da partida entre Santos e Bahia, ontem, na Vila Belmiro, para as manifestações contra Paulo Henrique Ganso ecoarem das arquibancadas.

Sobraram gritos, xingamentos e uma chuva de moedas sobre o gramado, no intuito de chamá-lo de "mercenário".

A derrota de ontem para o Bahia, por 3 a 1, que rendeu ao clube praiano a queda da décima para a décima primeira colocação (com 26 pontos), irritou o torcedor que elegeu Ganso como principal culpado pela má fase.

Foto GloboEsporte.com
Hoje, pela manhã, os muros do Centro de Treinamento Rei Pelé, em Santos, amanheceram pichados com a frase "Fora Ganso". 

Talvez a crítica do torcedor com relação ao meia não fosse tão contundente se a equipe estivesse vivendo momentos positivos neste Brasileirão.

É evidente que há um tremendo desgaste entre jogador e clube. Há tempos Ganso tem pleiteado uma valorização próxima à que foi concedida ao companheiro e amigo Neymar. Isso não aconteceu.

Outro dia, eu escutava no rádio um programa de esportes no qual levantaram a seguinte questão: "Ganso está 'bixado' ou fazendo corpo mole?"

Para muitos, talvez a maioria, ele faz corpo mole e suas atuações nesta competição seriam uma forma de mostrar que ele realmente deseja deixar o clube santista ou ser valorizado como acha que deveria...

Particularmente, não creio que a palavra "corpo mole" seja a mais adequada. Fazer corpo mole é quando o atleta já não tem o menor comprometimento com o clube. É quando ele está pouco se importando com a equipe, com o campeonato, com os companheiros etc. E isso não me parece ser do feitio de Ganso.

Acho que a palavra que resume sua situação é "desmotivação". 

Ele já não atua com o mesmo prazer de anos anteriores. A vontade já não é a mesma. O sorriso já não estampa seu rosto. O brilho acabou. O que é absolutamente normal. Acontece em todos os setores da nossa sociedade. É como um casamento que perdeu a paixão, o tesão...

E só há uma solução para o caso de Ganso: sua transferência imediata para um novo clube, seja ele do Brasil ou fora dele.  

A possível ida de Ganso ao São Paulo, cogitada na última semana, seria fantástica para ambos (jogador e clube). Para o jogador seria como reascender a vontade de jogar futebol. Toda mudança traz renovação de espírito com novos desafios. E, para o São Paulo, o atleta cairia como uma luva. Haveria espaço garantido no clube do Morumbi que há tempos procura um meia que faz a função de Ganso.   

Basta o Santos ser menos "duro na queda" e o São Paulo menos "mão de vaca" para se chegar ao  meio termo e o acerto acontecer. Caso contrário, a novela ainda terá mais capítulos como o de ontem. E, cá entre nós, em meio à carência de grandes jogadores que o Brasil vive, perder um craque como Ganso é desperdício demais, não?

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Félix: Adeus ao goleiro Campeão do Mundo de 70

Dia triste a todos os apaixonados por fuetebol.
 
Morreu no inicio desta sexta-feira, em São Paulo, o goleiro Félix, tricampeão mundial pela seleção Brasileira, em virtude de um enfisema pulmonar.
 
"Papel", como era conhecido no meio esportivo por conta de seu porte físico magro e leve, iniciou sua carreira ainda muito jovem, nas categorias de base do Nacional, da capital paulista, e logo aos 15 anos de idade profissionalizou-se no Juventos.
 
Pelo clube da Mooca, Félix ficou até 1955, quando foi contratado pela Portuguesa. Porém, sua estreia só aconteceu quase um ano depois. Félix era o reserva do goleiro Cabeção, que no dia 23 de julho de 1955 estava servindo à seleção Brasileira, e dessa forma o jovem arqueiro pôde, de fato, fazer sua primeira partida pela Lusa, em jogo válido pelo torneio Rio-São Paulo Internacional. O jogo foi contra o Newell´s Old Boys, da Argentina, e a Lusa venceu por 2 a 1.
 
Em 1957 Cabeção deixou a Portuguesa, mas a diretoria trouxe para sua vaga o goleiro Carlos Alberto, que havia jogado no Vasco da Gama. Félix passou, então, a treinar com os aspirantes do clube, no qula conquistou o título de Campeão Paulista de 1957.
 
Nesse mesmo período, foi negociado (por empréstimo) junto ao Nacional, da capital paulista, mas retornou à Portuguesa no final de 1960, a pedido do treinador Nena, porém dessa vez para ser o dono absoluto da camisa número 1 da Lusa.
 
Neste período como jogador da Portuguesa, Félix foi convocado quatro vezes para servir à Seleção Brasileira. Sua estreia como representante do País ocorreu no Pacaembu, em 22 de novembro de 1965, um domingo à noite. Era a chamada "Seleção Azul", composta somente por jogadores paulistas, que venceu a seleção da Hungira por 5 a 3. A equipe entrou em campo com a seguinte formação: Félix, Carlos Alberto, Djalma Dias, Procópio e Edílson (Geraldino); lima e  Nair; Marcos, Prado (Coutinho), Servílio e Abel.
 
Papel disputou 48 partidas pela seleção Brasileira, conquistando o bicampeonato da Copa Rio Branco, em 1967 e 1968, e a Copa do Mundo de 1970, que deu ao Brasil o título de Tricampeã Mundial.
 
Embora os holofotes tenham sido sobre a genialidade de Pelé, o grande rei do futebol, Félix teve papel fundamental na conquista do caneco. Fez defesas fantásticas em jogos decisivos. No difícil jogo contra a Inglaterra, na primeira fase, por exemplo, defendeu um cabeceio de Francis Lee à queima roupa. Vale lembrar que foi aos 12 minutos do primeiro tempo, quando o placar ainda estava 0x0, o que poderia ter mudado completamente o rumo da partida, caso a bola tivesse balançado a rede.
 
Já nas semifinais, praticou um milagre, algo que muitos consideram como a "defesa que valeu por um título". A seleção Canarinho vencia o rivais uruguaios por 2x1 quando, aos 40 minutos do segundo tempo, uma bola levantada da esquerda por Cortes foi cabeceada por Cubilla, que ia para o canto esquerdo, à meia altura. Praticamente o gol era dado como certo. Nesse momento, Félix voou e espalmou a bola. Uma defesa incrível. Foi a última chance uruguaia para levar o jogo para a prorrogação. Dois minutos depois, o Brasil faria o terceiro gol, com Roberto Rivellino, e garantiria sua vaga na final diante da poderosa Itália.
 
Mas o grande camisa 1 se tornou ídolo mesmo jogando pelo Fluminense, do Rio de Janeiro.
 
Pelo clube carioca, Félix conquistou os títulos de Campeão Carioca em 1969, 1971, 1973 e 1975, além da Taça de Prata, em 1970, e de diversos outros torneios. Vale ressaltar que sua ida ao clube das laranjeiros foi fruto da indicação do mestre Telê Santana, que o considerava um goleiro fantástico.
 
Sem dúvida Félix entra para a história do esporte mais querido do planeta não só por ter feito parte de uma das seleções que mais encantou o mundo, mas por ter sido um goleiro exemplar e de muita competência.
 
Fica aqui minha singela homenagem ao grande arqueiro Félix Miélli Venerando, o "Papel"...