quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Copa do Mundo de 1994 - É Tempo de Nostalgia

 
Não é primeira vez que me bate uma enorme nostalgia do futebol.
 
Geralmente essa sensação toma conta de mim quando algum campeonato muito importante está próximo de acontecer e a realidade da equipe para qual desde criança escolhi torcer não me passa a menor confiança.
 
Estamos às vésperas de uma Copa do Mundo (No Brasil) e não tenho a menor vontade de acompanhar a competição que recebe o rótulo de "a mais importante do planeta".
 
Pelo contrário. Quando escuto a palavra chave "Copa do Mundo" sinto certo desespero e tudo que me vem à cabeça é o Mundial de 1994, nos Estados Unidos, que rendeu ao Brasil o quarto título de campeão do mundo de sua história.
 
Que fique claro que essa não foi a melhor Copa do Mundo que já vi, mas foi a que, dentro das devidas proporções, a primeira que me causou grande emoção como torcedor.
 
É bem verdade que em 1993, quando a Seleção Brasileira disputava as eliminatórias para a Copa do Mundo, havia muito questionamento e desconfiança por parte do torcedor e da imprensa brasileira sobre o time que representaria o Brasil nos Estados Unidos no ano seguinte.
 
A começar pelo esquema tático adotado pelo técnico Carlos Alberto Parreira, que em momento algum escondeu sua filosofia de jogo e montou uma equipe totalmente preparada para se proteger na defesa. E a tática deu certo. Não foi à toa que sua equipe sofreu apenas três gols durante toda a competição - um contra a Suécia, na primeira fase, e dois contra a Holanda, nas quartas de final.
 
Para calar os críticos, foi o setor defensivo o grande destaque - depois do atacante Romário, claro - desse time comandado por Parreira. Os zagueiros Aldair e Márcio Santos foram impecáveis. Contaram também com Mauro Silva e Dunga, dois volantes muito seguros e com raça. Vale ressaltar, inclusive, que Dunga chamou a responsabilidade quando foi acionado e inverteu o rótulo de "jogador que joga feio" para "capitão do tetracampeonato".
 
E o que dizer sobre o goleiro desse time? Claudio André Taffarel, mais conhecido com simplesmente Taffarel, vivia situação terrível no Reggiana, da Itália. Enquanto isso, no Brasil, Zetti (São Paulo), Ronaldo (Corinthians) e Gilmar (Flamengo) passavam por momentos completamente diferentes a de Taffarel. Todos pediam pela convocação desses três guarda-metas, mas apenas Ronaldo ficou de fora. Talvez até pelo temperamento instável.
 
Em 2011, entrevistei o ex-goleiro Zetti para um documentário sobre goleiros e ele me confidenciou uma conversa que a comissão técnica teve com ele. "Eles me chamaram e disseram que eu merecia a camisa 1 até pelo momento que eu vivia, conquistando duas Libertadores e dois mundiais de clubes pelo São Paulo. Eu estava voando. Mas eles iriam apostar em um jogador que já tivesse tido uma experiência de copa do Mundo. Por isso dariam uma nova chance ao Taffarel", disse Zetti.
 
E no final das contas Taffarel deu conta do recado. Nas poucas vezes em que precisou trabalhar de verdade ele salvou o Brasil. Além disso, como dizem por aí, todo grande goleiro precisa ter sorte também. E isso não faltou ao camisa 1 canarinho. Inclusive na final do competição, no último pênalti cobrado por Roberto Baggio, por cima do gol de "Taffa".
 
Criticas à parte, a equipe de Parreira fez um Mundial perfeito. Jogou o fino da bola. Não foi aquele show de bola do time de Telê Santana, em 1982 (que jogou bonito mas não venceu), mas com certeza foi o time que fez o povo tirar o grito preso na garganta há 24 anos.
 
E, diferentemente de 1994, esse ano de 2014 não me traz esperança alguma. Não estou dizendo que o Brasil não tenha chance de vencer a competição. Pelo contrário. Em futebol tudo é possível. Mas confesso que a empolgação é a menor possível e a expectativa de um futebol encantador é zero.
 
Espero estar enganado...