sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Jogo Beneficente: Amigos do Derlei X Amigo do Flávio Prado

Final de ano sempre acontecem jogos importantes.
Mas não estou me referindo a campeonatos federados, e sim a partidas que são organizadas no intuito de ajudar alguém.
Todo ano o jornalista Flávio Prado promove algum evento dessa natureza.
Há alguns anos, contou até com a importante presença de Neymar, que dessa vez não poderá participar.
No próximo domingo, 9, o jogo será entre amigos do Derlei, ex-campeão pelo Porto, contra amigos do Flávio Prado, no qual faço parte do time (sou o goleiro).
O evento leva o nome de "Multirão de Natal", que arrecadará alimentos que serão distribuidos para pessoas carentes.
O time do Derlei ainda é um mistério. Ninguém sabe quem fará parte da equipe. No ano passado ele fez o mesmo mistério e de repente pintou diversas estrelas. Uma delas foi o Vampeta, que fez todo mundo cair na gargalhada. neste ano, o único que ele deixou escapar foi o goleiro Sérgio, que já garantiu que estará na peleja. 
No time do Flávio, diversos ex-atletas disseram que estarão presentes. Segundo informações, Milton Cruz, Pavão, Sidnei (ex-São Paulo), além de músicos, já confirmaram presença. Vale lembrar que Milene Domingues e o Ronald, filho do Ronaldo, também estarão dentro de campo. A partida será no estádio do Nacional, em frente ao CT do São Paulo, com horário previsto para às 15hs.
Para assistir à partida, basta levar 2 Kg de alimentos não perecíveis (exceto açucar e sal).
Para maiores informações, basta acessar http://www.institutonovasemente.org/eventos/amistoso/


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Fim da "lenga-lenga": Ganso é do São Paulo

Demorou, mas acabou!

Quase aos 45 minutos do segundo tempo o Santos resolveu concordar com a transferência do jogador Paulo Henrique Ganso para o rival São Paulo.

Segundo o blog do jornalista Milton Neves, a reunião que oficializou a contratação do meia aconteceu há pouco na Avenida Paulista - sede do Sonda Supermercardo - e contou com dirigentes do Santos, São Paulo e DIS, além do próprio jogador.

O São Paulo deverá pagar, à vista, pouco mais de R$ 23 milhões ao Santos. Além desse valor, o Santos contará com o direito de 5% do valor de futura eventual negociação de Ganso do Morumbi para qualquer outro clube do mundo.

Vale ressaltar que o processo que existe entre a DIS e o Santos, devido às vendas de André e Wesley, permanecerão normalmente e não terão peso algum na negociação de Ganso.

Enfim, um final aparentemente feliz a todos. Basta saber o que será de Ganso dentro de campo. Futebol ele tem, já vontade de jogar...

Aguardemos!

sábado, 8 de setembro de 2012

Raí: "O Rei do Morumbi"

Hoje é um dia muito especial para o torcedor do São Paulo.
 
Há exatos 25 anos, chegava ao Morumbi uma figura que viria a ser um dos maiores ídolos da história do clube paulista: Raí Souza Vieira de Oliveira.
 
Destaque no Botafogo de Ribeirão Preto, que lhe rendeu, inclusive, convocações para alguns jogos pela seleção Brasileira, Raí chegou a ser cogitado pelo Corinthians, mas acabou caindo no Tricolor.
 
Sua estreia aconteceu apenas na última rodada do primeiro turno do Campeonato Brasileiro, em 18 de outubro, na derrota por 1 a 0 para o Grêmio. O seu primeiro gol pelo clube viria no terceiro jogo, na vitória por 2 a 0 sobre o Goiás.
 
Mas o seu destino como campeão no clube das três cores já estava traçado. Menos de dois anos após sua chegada, Raí levantava seu primeiro troféu como jogador profissional. Foi campeão Paulista de 1988. Era o começo de uma carreira brilhante.
 
Ainda sem Telê Santana, em outubro de 1990, o jogador tinha balançado as redes apenas 26 vezes em mais de três anos. Faltava algo para o grande craque deslanchar. Nesse período alguns críticos já ensaiavam contestações ao jogador.
 
Mas, em 1991, Telê Santana, que reconhecia de longe o potencial de um atleta, assumia a equipe são-paulina. E bastou o mestre iniciar seus trabalhos como treinador para que Raí desencantasse. Foram 28 gols apenas em 1991, sendo 20 deles no Campeonato Paulista daquele ano, marca que o levou à artilharia da competição.
 
Telê sabia que poderia contar com Raí. O jogador se mostrava cada vez mais preparado para ser o líder da equipe dentro das quatro linhas. Tinha o respeito dos seus companheiros, a frieza para reverter jogadas em gols, personalidade, espírito de equipe, habilidade e comando. Era tudo que Telê precisava para iniciar os trabalhos em busca da formação de um verdadeiro esquadrão.
 
Não demorou muito para Raí assumir a braçadeira de capitão.
 
O primeiro título como capitão aconteceu em 1991, contra o rival Corinthians. Na primeira partida, Raí só faltou fazer chover dentro de campo. Marcou os três gols na vitória por 3 a 0. O primeiro, diga-se de passagem, foi um golaço do meio da rua (como se diz no futebol) que atingiu o ângulo direito do gol do goleiro Ronaldo. Esse resultado deu tranquilidade ao São Paulo que empatou a segunda partida (O a O) e sagrou-se campeão.
 
Foi, para mim, uma das partidas mais brilhantes de Raí. Umas das que dificilmente esquecerei...
 
Assista ao vídeo com os melhores momentos dessa grande final:
 
 
 
Ainda em 1991, já com uma "máquina mortífera" - apelido dado pelo jornalista Roberto Avallone, em alusão ao filme de Mel Gibson -, o São Paulo conquistou o Campeonato Brasileiro ao derrotar o Bragantino, comandado pelo Carlos Alberto Parreira. Raí foi peça fundamental na campanha do São Paulo. De quebra, foi o artilheiro do clube marcando sete gols.
 
O título Nacional daria ao Tricolor a chance disputar uma Libertadores da América no ano seguinte, em 1992.
 
O São Paulo não só disputou como deu show e foi o campeão da América de 1992, com Raí mais uma vez artilheiro do time de Telê Santana. Foi extremamente decisivo ao marcar o gol que levou a final à disputa por pênaltis. Nas penalidades, converteu o seu e esperou a defesa de Zetti no chute de Gamboa - do Newell´s Old Boys - para dar o título ao Tricolor, em pleno Morumbi, diante de 120 mil torcedores. 
 
E, para completar ainda mais a boa fase, o São Paulo foi a Tóquio e voltou com o título de Campeão Mundial de Clubes após derrotar o temido e respeitado Barcelona, comandado pelo fantástico Johann Cruyff, no Estádio Nacional de Tóquio. Com mais de 60 mil torcedores, Raí marcou os dois gols do Tricolor: um de barriga e o outro em perfeita cobrança de falta, deixando o goleiro Zubizarreta completamente sem reação.
 
Para variar, Raí foi considerado o melhor jogador do Mundial.
 
Era um momento histórico para o São Paulo Futebol Clube, para o seu torcedor e para o futebol brasileiro que, há tempos, não tinha um reconhecimento mundial.
 
Veja imagens do Mundial de Clubes de 1992:
 
 
 
Na volta ao Brasil, o São Paulo teria outra dura missão: Disputar o título Paulista contra o rival Palmeiras.
 
Implacavelmente venceu o Verdão por 2 a 1 e sagrou-se mais uma vez campeão Paulista. Dava gosto ver a equipe de Telê jogar com Raí em campo. Era um verdadeiro maestro.
 
Vale lembrar que, antes de partir para Tóquio, Raí chegou a marcar cinco gols em um mesmo jogo, na vitória sobre o Noroeste, por 6 a 0, pelo mesmo campeonato Paulista.
 
Assista aos 5 gols de Raí sobre o Noroeste:
 
 
 
No começo de 1993, eis que surge a notícia que o torcedor são-paulino menos gostaria de ouvir: Raí foi negociado junto ao Paris Saint-Germain, da França, por 4,6 milhões de dólares. A boa notícia, no entanto, é a de que ele ficaria até o meio do ano e ajudaria o clube do Morumbi na sua luta pelo Bi da Libertadores.
 
Sem dar chances ao Universidad Católica do Chile, seu oponente na final da competição continental, o Tricolor conquistou o bicampeonato da Libertadores da América de 1993. Na primeira partida, no Morumbi, Raí registrou seu gol aos 15 minutos da etapa inicial.
 
Sua despedida ocorreu no dia 3 de junho de 1993, na vitória por 6 a 1 sobre o Santos.
 
A VOLTA
 
Raí passou quase 5 anos na França, onde recebeu o rótulo de Rei da França. Assim como no São Paulo, deixou sua marca pelo seu bom caráter e pela competência dentro de campo. Virou ídolo por lá também.
 
Mas em 1998 percebeu que seu ciclo do PSG havia terminado e assim resolveu voltar ao Brasil e encerrar sua carreira no seu clube de coração: o São Paulo Futebol Clube.
 
O Tricolor havia feito uma campanha incontestável no Paulistão daquele ano. Foi à final contra o Corinthians e empatou a primeira partida.
 
Durante a semana que antecedia a grande finalíssima, Raí volta para o São Paulo, é inscrito na competição.
 
Lembro-me bem desse jogo. Raí havia chegado da França naquele mesmo dia. Havia certa expectativa com relação a ele entrar ou não em campo. Ninguém sabia se Raí jogaria aquela final, embora, como citei, ele estava inscrito. Bastava o aval do técnico Nelsinho Batista.
 
Porém, so quando o estádio anunciou a escalação é que tivemos a plena certeza de que ele realmente estava de volta. Só nesse momento a ficha caiu.
 
Eu estava na geral azul, bem próximo do gol do Rogério Ceni na etapa inicial. A visão para o ataque são-paulino não era tão nítida, já que esse setor do Morumbi deixa o torcedor praticamente no mesmo nível dos atletas.
 
De repente, um silêncio de dois segundos e, logo em seguida, uma explosão na torcida são-paulina. Sim, era o gol.
 
A comemoração foi instantânea.
 
Não dava para saber quem havia chutado ao gol. A expectativa sempre é de ver o craque do time fazendo o gol. E, naquela ocasião, haviam Denilson, França, Serginho e Raí. Na minha cabeça, só poderia ser um deles.
 
O jeito foi aguardar o placar eletrônico anunciar o autor. Foi o que eu fiz.
 
A alegria ganhou proporção ainda maior quando o nome dele apareceu no placar. Após 5 anos fora do clube de coração, o rei do Morumbi estava de volta, mais uma vez numa final, para marcar história, para fazer o torcedor ir à loucura. O gol foi dele, do grande Raí, de cabeça. 
 
No segundo tempo o São Paulo ampliou com dois gols de França em tarde inspiradíssima de  Denilson. São Paulo Campeão Paulista de 1998.
 
Raí encerrou sua carreira como jogador profissional em julho de 2000 e seu último gol vestindo a camisa Tricolor foi contra o Palmeiras, no Palestra Itália.
 
É, sem dúvida, um dos jogadores mais importantes da história do São Paulo Futebol Clube.
 
Depois de Raí, nunca mais houve um camisa 10 com o seu perfil.
 
Obrigado, Raí.
 
 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Mais uma do "Reino e do Imperador"

Ele já tem idade avançada para o futebol, uma péssima fama de mau comportamento em todos os clubes que defendeu e fica um tempão afastado dos gramados por uma lesão, ou seja, motivos suficientes para desconfiar de seu desempenho.

Quando volta à equipe, falta nos primeiros treinos, relembrando os velhos tempos. Tempos em que isso era constante, mas que, por estar no auge do sucesso, muitas vezes o caso era relevado.

No dia anterior à ausência o flagram em uma boate do Rio de Janeiro.

Aí vem o dia seguinte, ele pede desculpas publicamente, faz um certo draminha, como se fosse um coitado, um moço bonzinho, responsável, arrependido, e a presidente do clube resolve perdoá-lo.

Assim é a relação Adriano X Flamengo.

Depois ficam se perguntando por que o Flamengo vive essa "nhaca" há tanto tempo: dívidas, brigas, máfias etc... etc...

Quer saber? eles (Flamengo e Adriano) se merecem.

domingo, 2 de setembro de 2012

Irreconhecível, São Paulo toma sufoco e perde para o Bahia

Mediocre: assim foi o São Paulo diante do Bahia na tarde deste domingo, em Pituaçu.

Se na última quinta-feira o Tricolor esbanjou vontade e atropelou o Botafogo, hoje parecia uma barata tonta atrás da bola.

Como disse o amigo são-paulino Dr. Antonio Catta Preta, "lembrou os terríveis tempos de Marlos e Dagoberto".

Resumindo: Erros de passes, muitas jogadas faltosas (que renderam 5 cartões amarelos), pontaria ruim, erro de marcação e e uma falha grotesca do zagueiro Rhodolfo, que rendeu o gol da vitória dos donos da casa.

Um São Paulo completamente irreconhecível. Muito diferente do time que venceu o Corinthians no último domingo.

Com 34 pontos, quatro a menos que o Grêmio, quarto colocado com 38 pontos, o clube do Morumbi mantém na 5ª colocação.

Na próxima quarta-feira o time de Ney Franco recebe o Internacional de Porto Alegre, que chegou aos mesmos 34 pontos que o São Paulo depois de bater o Flamengo por 4 a 1. O confronto será no Morumbi.


quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Ganso: Só saindo do Santos para voltar a jogar futebol

Bastou o árbitro apitar o fim da partida entre Santos e Bahia, ontem, na Vila Belmiro, para as manifestações contra Paulo Henrique Ganso ecoarem das arquibancadas.

Sobraram gritos, xingamentos e uma chuva de moedas sobre o gramado, no intuito de chamá-lo de "mercenário".

A derrota de ontem para o Bahia, por 3 a 1, que rendeu ao clube praiano a queda da décima para a décima primeira colocação (com 26 pontos), irritou o torcedor que elegeu Ganso como principal culpado pela má fase.

Foto GloboEsporte.com
Hoje, pela manhã, os muros do Centro de Treinamento Rei Pelé, em Santos, amanheceram pichados com a frase "Fora Ganso". 

Talvez a crítica do torcedor com relação ao meia não fosse tão contundente se a equipe estivesse vivendo momentos positivos neste Brasileirão.

É evidente que há um tremendo desgaste entre jogador e clube. Há tempos Ganso tem pleiteado uma valorização próxima à que foi concedida ao companheiro e amigo Neymar. Isso não aconteceu.

Outro dia, eu escutava no rádio um programa de esportes no qual levantaram a seguinte questão: "Ganso está 'bixado' ou fazendo corpo mole?"

Para muitos, talvez a maioria, ele faz corpo mole e suas atuações nesta competição seriam uma forma de mostrar que ele realmente deseja deixar o clube santista ou ser valorizado como acha que deveria...

Particularmente, não creio que a palavra "corpo mole" seja a mais adequada. Fazer corpo mole é quando o atleta já não tem o menor comprometimento com o clube. É quando ele está pouco se importando com a equipe, com o campeonato, com os companheiros etc. E isso não me parece ser do feitio de Ganso.

Acho que a palavra que resume sua situação é "desmotivação". 

Ele já não atua com o mesmo prazer de anos anteriores. A vontade já não é a mesma. O sorriso já não estampa seu rosto. O brilho acabou. O que é absolutamente normal. Acontece em todos os setores da nossa sociedade. É como um casamento que perdeu a paixão, o tesão...

E só há uma solução para o caso de Ganso: sua transferência imediata para um novo clube, seja ele do Brasil ou fora dele.  

A possível ida de Ganso ao São Paulo, cogitada na última semana, seria fantástica para ambos (jogador e clube). Para o jogador seria como reascender a vontade de jogar futebol. Toda mudança traz renovação de espírito com novos desafios. E, para o São Paulo, o atleta cairia como uma luva. Haveria espaço garantido no clube do Morumbi que há tempos procura um meia que faz a função de Ganso.   

Basta o Santos ser menos "duro na queda" e o São Paulo menos "mão de vaca" para se chegar ao  meio termo e o acerto acontecer. Caso contrário, a novela ainda terá mais capítulos como o de ontem. E, cá entre nós, em meio à carência de grandes jogadores que o Brasil vive, perder um craque como Ganso é desperdício demais, não?

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Félix: Adeus ao goleiro Campeão do Mundo de 70

Dia triste a todos os apaixonados por fuetebol.
 
Morreu no inicio desta sexta-feira, em São Paulo, o goleiro Félix, tricampeão mundial pela seleção Brasileira, em virtude de um enfisema pulmonar.
 
"Papel", como era conhecido no meio esportivo por conta de seu porte físico magro e leve, iniciou sua carreira ainda muito jovem, nas categorias de base do Nacional, da capital paulista, e logo aos 15 anos de idade profissionalizou-se no Juventos.
 
Pelo clube da Mooca, Félix ficou até 1955, quando foi contratado pela Portuguesa. Porém, sua estreia só aconteceu quase um ano depois. Félix era o reserva do goleiro Cabeção, que no dia 23 de julho de 1955 estava servindo à seleção Brasileira, e dessa forma o jovem arqueiro pôde, de fato, fazer sua primeira partida pela Lusa, em jogo válido pelo torneio Rio-São Paulo Internacional. O jogo foi contra o Newell´s Old Boys, da Argentina, e a Lusa venceu por 2 a 1.
 
Em 1957 Cabeção deixou a Portuguesa, mas a diretoria trouxe para sua vaga o goleiro Carlos Alberto, que havia jogado no Vasco da Gama. Félix passou, então, a treinar com os aspirantes do clube, no qula conquistou o título de Campeão Paulista de 1957.
 
Nesse mesmo período, foi negociado (por empréstimo) junto ao Nacional, da capital paulista, mas retornou à Portuguesa no final de 1960, a pedido do treinador Nena, porém dessa vez para ser o dono absoluto da camisa número 1 da Lusa.
 
Neste período como jogador da Portuguesa, Félix foi convocado quatro vezes para servir à Seleção Brasileira. Sua estreia como representante do País ocorreu no Pacaembu, em 22 de novembro de 1965, um domingo à noite. Era a chamada "Seleção Azul", composta somente por jogadores paulistas, que venceu a seleção da Hungira por 5 a 3. A equipe entrou em campo com a seguinte formação: Félix, Carlos Alberto, Djalma Dias, Procópio e Edílson (Geraldino); lima e  Nair; Marcos, Prado (Coutinho), Servílio e Abel.
 
Papel disputou 48 partidas pela seleção Brasileira, conquistando o bicampeonato da Copa Rio Branco, em 1967 e 1968, e a Copa do Mundo de 1970, que deu ao Brasil o título de Tricampeã Mundial.
 
Embora os holofotes tenham sido sobre a genialidade de Pelé, o grande rei do futebol, Félix teve papel fundamental na conquista do caneco. Fez defesas fantásticas em jogos decisivos. No difícil jogo contra a Inglaterra, na primeira fase, por exemplo, defendeu um cabeceio de Francis Lee à queima roupa. Vale lembrar que foi aos 12 minutos do primeiro tempo, quando o placar ainda estava 0x0, o que poderia ter mudado completamente o rumo da partida, caso a bola tivesse balançado a rede.
 
Já nas semifinais, praticou um milagre, algo que muitos consideram como a "defesa que valeu por um título". A seleção Canarinho vencia o rivais uruguaios por 2x1 quando, aos 40 minutos do segundo tempo, uma bola levantada da esquerda por Cortes foi cabeceada por Cubilla, que ia para o canto esquerdo, à meia altura. Praticamente o gol era dado como certo. Nesse momento, Félix voou e espalmou a bola. Uma defesa incrível. Foi a última chance uruguaia para levar o jogo para a prorrogação. Dois minutos depois, o Brasil faria o terceiro gol, com Roberto Rivellino, e garantiria sua vaga na final diante da poderosa Itália.
 
Mas o grande camisa 1 se tornou ídolo mesmo jogando pelo Fluminense, do Rio de Janeiro.
 
Pelo clube carioca, Félix conquistou os títulos de Campeão Carioca em 1969, 1971, 1973 e 1975, além da Taça de Prata, em 1970, e de diversos outros torneios. Vale ressaltar que sua ida ao clube das laranjeiros foi fruto da indicação do mestre Telê Santana, que o considerava um goleiro fantástico.
 
Sem dúvida Félix entra para a história do esporte mais querido do planeta não só por ter feito parte de uma das seleções que mais encantou o mundo, mas por ter sido um goleiro exemplar e de muita competência.
 
Fica aqui minha singela homenagem ao grande arqueiro Félix Miélli Venerando, o "Papel"...

domingo, 29 de julho de 2012

Ceni volta e o espírito da equipe muda

É com enorme prazer que volto a escrever neste blog num dia tão especial para o futebol brasileiro.

Rivalidade à parte, o retorno do maior goleiro artilheiro da história do futebol mundial à equipe do São Paulo Futebol Clube é motivo de alegria.

Dificilmente meus futuros filhos, netos ou até mesmo bisnetos, conhecerão uma figura de tanta personalidade como Rogério Ceni.

Além de competente debaixo das traves, Ceni é o exemplo do amor à camisa, da superação e do profissionalismo.

DO AMOR À CAMISA porque é um dos poucos - atualmente, depois da aposentadoria do Marcão, é o único - a mostrar seu verdadeiro respeito pelo clube que tanto ama. Reconhece e retribui a chance que o clube deu para o seu crescimento profissional. Recusou ofertas milionárias para deixar o São Paulo. Talvez essa paixão declarada pelo clube das três cores é que motivou os torcedores adversários a rotular o goleiro de "arrogante". E talvez ele seja mesmo, mas quem somos nós para julgá-lo?

DA SUPERAÇÃO porque é a segunda grande cirurgia que ele enfrenta de forma incrível, surpreendendo médicos, comissão técnica, imprensa, torcedores e o que mais existir.

DO PROFISSIONALISMO porque, diferentemente de outros nomes grandes dentro do esporte, Rogério Ceni se dedicou dia a dia para que sua recuperação fosse plena. Dias após a cirurgia no ombro o goleiro e capitão tricolor já estava plantado no Reffis do CT da Barra Funda para iniciar suas sessões de fisioterapia. Não faltou a nenhuma e teve dias em que Ceni entrou no Centro de Recuperação cedinho, com o sol raiando, e saiu apenas à noite, quando muitos já estavam em suas casas descansando.

Assim é Rogério Ceni.

E hoje, em seu retorno, não só a torcida (mais de 35 mil pagantes) ficou entusiasmada com o ídolo em campo, mas toda a equipe do São Paulo que jogou diferente, com espírito renovado.

Faltava um líder dentro de campo. E foi com Ceni cobrando, gritando, dando bronca, aplaudindo, orientando que o São Paulo bateu o Flamengo por 4 a 1 no estádio Cícero Pompeu de Toledo. Até o Fabuloso, que andava meio de mal com o gol, voltou a balançar a rede, e por duas vezes.

Que seja o início de novos ares pelos lados do Morumbi.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Senna: O Herói nacional

Todo "1º de maio" é dia de reflexão e saudade.

Há exatos 18 anos o Brasil perdia seu maior ídolo de todos os tempos.

E esse ídolo não foi Pelé, nem Garrincha, tampouco  Zico, muito menos Ronaldo.

Não fazia parte do cenário futebolístico - que é o esporte mais praticado aqui no Brasil.

O nosso verdadeiro herói, que honrava a bandeira das cores verde e amarelo, que tinha orgulho de dizer que era brasileiro, que fazia questão de representar toda nação, que dava o sangue pelo esporte, é um piloto de Fórmula 1.

O nosso verdadeiro herói conseguia juntar o país todo numa só corrente.

O nosso verdadeiro herói tinha o poder de misturar raças, cores, condições sociais e quebrar qualquer tipo de preconceito existente.

Enfim, o nosso verdadeiro herói é, até os dias atuais, Ayrton Senna da Silva.

O grande Senna!


sexta-feira, 27 de abril de 2012

Estamos carentes de mais "Guardiolas"

Pep Guardiola anunciou há poucas horas sua saída do Barcelona.

A decisão partiu do próprio treinador que, segundo ele, disse estar desgastado no cargo que exerce no clube catalão.

Dirigentes do clube não queriam sua saída. A torcida não queria. Os mais apaixonados pelo futebol bonito não queriam. Enfim, ninguém queria.

Diferentemente dos outros que deixam seus clubes, o treinador sequer perdeu comando sobre seus jogadores.

Nada disso.

Guardiola apenas seguiu a lei da vida que diz que tudo tem um começo, meio e fim.

Para ele, chegou o momento de se afastar do clube que foi jogador, ídolo, capitão e treinador.

Não me parece uma eterna despedida, um fim de casamento. Pelo contrário. Pep tem fortes raizes no Barça.

E elas ficam cada vez mais evidentes.

Aliás, sua própria saída é uma prova de amor ao clube.

Apaixonado pelo que faz, não duvido nada que Guardiola esteja se culpando - embora não tenha a menor culpa - pela desclassificação do Barcelona na Champions League, e por isso prefere se afastar.

Perderemos uma peça importantíssima, talvez a mais importante, pelo resgate de um futebol tão mágico apresentado nos últimos anos e que não víamos há tempos.

Que ele volte ao cenário esportivo o quanto antes.

Precisamos de mais "Peps-Guardiolas"...



Em 12 de fevereiro de 2012, a Folha Ilustrada, caderno da Folha de S. Paulo, publicou uma matéria fantástica sobre Pep Guardiola.

Com uma abordagem mais poética, a matéria, escrita por Alexandre Gonzalez e traduzida pela Folha de S. Paulo, conta como surgiu o técnico/treinador Guardiola.

Vale muito a pena ler.



Como Pep se tornou Guardiola – Esmero e obsessão

ALEXANDRE GONZALEZ

TRADUÇÃO SOPHIE BERNARD

ILUSTRAÇÃO MARCELO COMPARINI


RESUMO

Símbolo do Barcelona por uma década, Josep Guardiola pendurou as chuteiras em 2006 com o projeto de ser treinador. Ao contrário da maioria dos ex-jogadores que trilham esse caminho, foi estudar e buscar as lições de seus mentores. Propondo um futebol mais de razão que de resultados, Pep já conquistou 13 dos 16 títulos que disputou como técnico do Barça.

“Meu pai diz que preciso me reconverter. Pergunta o que quero fazer da vida. Não sei o que dizer; talvez que não vá fazer nada. Mas ele insiste, quer que eu me mexa, para não passar a imagem de preguiçoso. Mas, pai, talvez eu não faça nada mesmo da vida…”

Em 2 de agosto de 2006, Josep Guardiola deu uma de suas últimas entrevistas. Poucas semanas antes, ainda jogava no desconhecido Dorados de Sinaloa, time mexicano cujo nome soa mais como uma franquia de beisebol de segunda divisão do que como um clube de futebol profissional.

O fim de carreira do meia catalão não foi à sua altura e, em suas palavras, sua reconversão também não parece lá muito bem encaminhada. Mas, atrás do discurso depressivo, o que Guardiola não diz é que passou o verão em Madri. E que sabe exatamente para onde vai.


DIPLOMA

O mês de julho de 2006 é intenso para o ex-capitão do Barça. Todo dia, ele vai até o subúrbio de La Rosas, rumo à Ciudad del Fútbol, na capital da Espanha. Lá, acompanha aulas com assiduidade, preparando-se para se diplomar treinador. O aluno é aplicado e talentoso.

“A escola nacional de futebol espanhola não tem ranking de classificação para os diplomados, mas posso dizer tranquilamente que Guardiola estava entre os três melhores da classe”, lembra Oscar Callejo, secretário da escola.

Com o diploma em mãos, Guardiola não se dá por satisfeito. Para completar a formação, aconselha-se com treinadores que admira.

“Ele ligou para mim e para um monte de outros treinadores. Hoje parece coisa de doido: ligar para falar de jogo, analisar, descascar. Ele tem uma sede insaciável de debater. Eu sabia quando começavam as conversas com ele, mas nunca quando iam terminar”, diz o técnico argentino Angel Cappa.

Ex-adjunto de César Luis Menotti e depois de Jorge Valdano no Real Madrid, treinador do Huracan e do River Plate -foi quem descobriu Javier Pastore-, Cappa foi para a casa de Guardiola em Barcelona no final de 2006. “Não sei se ele já pensava em ser treinador, mas para mim era óbvio. É raro um jogador querer tanto colocar um jogo numa mesa de dissecação.”

LA VOLPE

Obsessivo e perfeccionista, Pep lista os técnicos com quem os quais gostaria de conversar. O primeiro é um argentino de bigode ameaçador, desconhecido na Europa, Ricardo La Volpe.

Na Copa do Mundo de 2006, Guardiola escreveu no jornal “El País”, e suas análises dos jogos e reflexões sobre futebol deixaram muita gente desconcertada. Só uma seleção agrada ao catalão. Não é a Alemanha de Jürgen Klinsmann, nem a Itália de Marcello Lippi, mas o México de La Volpe.

Ele escreveu: “Johan Cruyff dizia: o mais importante no futebol é que os melhores jogadores sejam os zagueiros. Se você sai com a bola, consegue jogar; se não, não faz nada. Johan diz que a bola equilibra um time. Se perde a bola, o time se desequilibra; se perde pouco, consegue manter o equilíbrio. La Volpe decidiu que sua defesa saísse jogando, e não que começasse jogando, o que é diferente.

“Para La Volpe, começar a jogar é tocar a bola entre os zagueiros, sem maiores intenções. Mas La Volpe os obriga a fazer outra coisa. Ele os obriga a sair jogando, obriga os jogadores e a bola a avançarem juntos e ao mesmo tempo. Soube que, nos treinos, La Volpe pede aos zagueiros que corram com a bola por 30 minutos sem parar. Se alguém faz um passe errado, se o campo não é usado em toda a sua extensão, se um passe não é dado para o goleiro como manda o jogo, ele pede para recomeçar do zero.

“Ele corrige, grita, e tudo recomeça. Uma vez, depois outra. Cem vezes, se for preciso. E ver seu México jogar é fantástico.”

Nem mais nem menos do que uma declaração de amor.

Mesmo que isso não agrade a Guardiola e ao seu romantismo, La Volpe foi demitido após ser eliminado nas oitavas de final, apesar de os mexicanos terem dominado a Argentina durante todo o jogo; o futebol só vive de vitórias.

Pouco acostumado a falar com a imprensa, La Volpe declarou: “Sei que Guardiola mencionou meu nome várias vezes, dizendo que fui um dos que mais o influenciaram. Talvez se inspirasse em mim nas triangulações ao chegar à área adversária. E disseram que dedicou a mim a Liga dos Campeões de 2009 [Barcelona 2 x 0 Manchester United], mas ele nunca me disse isso.

“Acho que seguimos o mesmo caminho. Gostamos de tomar a iniciativa do jogo, que o jogador assuma a responsabilidade de conduzi-lo. É assim que se faz bom futebol. Ele faz isso e ainda vence. Alguns de nós foram criticados por tentar e não vencer, é a regra do jogo”.

La Volpe seria demitido do Boca Juniors (2006), do Vélez Sarsfield (2007), do Monterrey (2008) e da seleção da Costa Rica (2011). Apaixonado pelo método argentino, como mostram suas relações com Cappa e La Volpe, por fim Guardiola atravessa o Atlântico.

Aproveitou uma viagem a trabalho de seu amigo David Tureba, cineasta e escritor, para voar a Buenos Aires. Era outubro de 2006.


ARGENTINA

Na capital argentina, Pep deixou sua bagagem num hotel do bairro de Palermo. A primeira visita que fez não foi a um treinador, mas a um nerd louro, um Mark Zuckerberg argentino, de cabelo comprido. Matias Manna é o criador do blog Paradigma Guardiola (paradigmaguardiola.blogspot.com). Ele analisa, com vídeos, pausas e reflexões perspicazes, o futebol de Pep.

“Desde 2005, vou decifrando a maneira de pensar e as convicções futebolísticas de Guardiola”, diz Manna. Ele conta como começou sua amizade com o atual treinador do Barcelona: “Eu o contatei por e-mail e ele respondeu. Sempre se mostrou aberto. Um dia, disse que estava vindo à Argentina e propôs um encontro. Passamos um dia juntos. Falamos muito de futebol.

“Dei a ele o livro ‘Lo Suficientemente Loco’, uma biografia de Marcelo Bielsa. Ele me agradeceu e foi deixar as malas no quarto. Quando desceu, minutos depois, citou quatro ou cinco conceitos de jogo que estavam no livro. Isto é: no elevador, voltando do quarto, já tinha entendido a essência.”

No dia seguinte, Guardiola decidiu assistir a um River-Boca, no Monumental de Nuñez. Seu ex-colega no Dorados Angel “Matute” Morales, conseguiu um ingresso para ele. Pep se misturou à multidão e, na fila para entrar, foi parado por seguranças. “Não o reconheceram”, conta Morales. “Foi revistado como qualquer um, mas não disse uma palavra, não protestou.”

Seu caminho o levou a César Luis Menotti, técnico campeão do mundo em 1978 e técnico do “seu” Barça na temporada 1983-84.

Como um velho sábio, Menotti recebeu aquele que, por enquanto, era só um jovem aposentado do futebol. O encontro aconteceu num restaurante do bairro de Belgrano, em meio a uma nuvem de fumaça de cigarro e cheiro de uísque.

“Quando Pep me procurou, algo já o distinguia: ele tinha ideias claras. Não chegou como outros, que queriam que eu desse o caminho, como se fosse o Messias. Ele já sabia. Então disse a ele: ‘Quer ser treinador? Não tenha dúvidas, vá fundo. Seja treinador, e assim as críticas serão mais bem divididas, não vão mais ser só para mim’.”

Guardiola deixou-se seduzir e também tranquilizar pelo discurso radical do mentor de Maradona. O terceiro e último encontro irá confortá-lo ainda mais na sua decisão.


EREMITA

Maximo Paz, província de Santa Fe. Josep Guardiola marcou um encontro com o eremita do futebol argentino, “el loco” Marcelo Bielsa. Então afastado do futebol desde 2004, Bielsa vivia confinado em casa, sem dar sinais de vida.

Guardiola conseguiu o encontro graças a Lorenzo Buenaventura, seu treinador pessoal quando jogava na Itália e ex-adjunto de Luis Bonini, o braço direito de Bielsa. Hoje, Buenaventura é o preparador físico do Barcelona. A fascinação de Guardiola por Bielsa data da Copa do Mundo asiática de 2002, quando “el loco” treinava a seleção argentina.

Na época, Guardiola declarou: “Para mim, o time mais interessante do torneio é a Argentina, mesmo que não tenha passado da primeira fase. Jogou muito bem, apesar de vivermos num mundo onde, se você ganha, é bom, mesmo que não tenha ficado com a bola; e, se você perde, não importa se tentou, se teve a bola, se o time estava organizado e se tinha apostado no 3-4-3, como Bielsa fez. Você perde e é um fiasco. Vejo isso de outra forma.”

Por 12 horas, em volta de um “asado” (churrasco argentino), os dois conversaram, assistiram a trechos de jogos, debateram, brigaram, se reconciliaram e recomeçaram. Um tema, ou melhor, um homem os une acima de tudo: Louis van Gaal.

O técnico holandês é o único europeu que Bielsa já tomou como exemplo: “O modelo estrangeiro que mais me agrada é o do Ajax de Van Gaal. Ele tem um time flexível para compor suas linhas conforme as exigências do adversário na hora de recuperar a bola. O que interessa é que o time tenha um projeto de jogo próprio nos momentos ofensivos. Calculei que o Ajax dava uma média de 37 passes para trás. O torcedor via isso como recusa a jogar, mas esse passe para trás era o início de um novo ataque.”

No seu livro “Mi Gente, Mi Fútbol” (2001), Guardiola diz o mesmo de seu treinador: “Poucos times me seduziram tanto quanto o do Ajax de Van Gaal, com sua facilidade para criar o jogo da defesa, a velocidade dos jogadores das laterais e seu modo de passar a bola. Aquele Ajax conseguia resolver de maneira fantástica todos os ‘um contra um’ de um jogo. No ataque e na defesa. Assumiam todos os riscos que um time pode correr.

“Aquele Ajax tinha algo que me surpreendia, espantava, maravilhava. A disciplina do posicionamento. A posse de bola como ideia de base. O jogo constantemente sustentado. Os movimentos de dois toques… E eles faziam isso de forma tão simples quanto sublime. O Ajax de Van Gaal dava aulas de futebol aos que conheciam perfeitamente o jogo.”


‘SANGUE’

Nutrido pelo futebol total de Johan Cruyff, Guardiola consegue, acima de tudo, aplicar maravilhosamente bem os preceitos de Bielsa. “Procuro ocupar as laterais, porque a maioria das situações perigosas vem delas. O contrário significa centralizar o jogo. Qualquer estudo revela que 50% dos gols finalizados vêm das laterais. Se um treinador quer que o time domine o jogo, deve posicionar no mínimo dois jogadores por setor. Nunca posiciono os jogadores com o intuito de atacar usando o contra-ataque.

“Para mim, trata-se, antes de mais nada, de uma questão de posse de bola. Se der para ficar com ela, por que devolvê-la? Não preparo um time para esperar. Um grande time não é condicionado pelo rival. O fundamental é ocupar direito o campo, ter um time curto, com uma linha de defesa e uma de ataque separadas por no máximo 25 metros, e que nenhum zagueiro esteja ocupado marcando um adversário que não existe.”

Tocado pela sinceridade quase ingênua de Guardiola, Bielsa perguntou: “Você, que conhece toda a sujeira do mundo do futebol, o alto grau de desonestidade de certas pessoas, por que quer tanto voltar e treinar jogadores? Gosta tanto desse sangue?”. Guardiola respondeu: “Preciso desse sangue”.

O fato é que o catalão vai usar outro método de Bielsa, o de não entregar nada à imprensa. Recluso no seu silêncio há mais de uma década, o argentino havia justificado assim sua vontade de não falar: “Por que eu deveria dar entrevista a um jornalista poderoso e negá-la a um repórter do interior? Por que deveria participar de um programa que tem picos de audiência toda vez que apareço e não me deslocar até uma pequeno rádio local? Qual a lógica? Meu interesse?”.

Guardiola se apoderou da fórmula. Depois de virar treinador do Barça, não deu mais nenhuma entrevista individual. Só vai às coletivas obrigatórias do clube.


JOGO BONITO

Pep voltou à Espanha está seguro de si como nunca. Dias depois de deixar a Argentina, em 22 de outubro de 2006, declarou ao jornal “Marca”: “Por que não poderíamos ter treinadores que defendam o jogo bonito? Converso com muitos treinadores: ‘Como é esse jogador? Como faz aquele?’. Mas não tem receita. No futebol, ganha-se com estilos muito diferentes. Precisamos fazer as coisas como as sentimos. É a partir da bola que se constrói um time.”

Em 2006, Josep Guardiola tinha 35 anos, tinha ideias, mas continuava desempregado. “Seu” clube, embora fosse campeão europeu, estava desabando. Contagiado pela suficiência, o Barça de Frank Rijkaard vivia suas últimas horas de glória. Txiki Begiristain, diretor esportivo do Barcelona e braço direito de Joan Laporta, logo foi consultado por alguns dirigentes, sabendo das intenções de Guardiola.

Begiristain então decidiu, para que seu ex-colega se acostumasse, confiar a ele a direção da categoria de base e dar a Luís Enrique o Barça B. Desapontado, mas leal a seu clube de sempre, Pep aceitou. Só pediu um último encontro com Begiristain. “Pep me falou sobre sua vontade de treinar. Entendi que era o momento dele”, diz o ex-diretor dos esportes do Barça.

Em 21 de junho de 2007, seis meses depois da viagem à Argentina, Guardiola foi nomeado treinador do Barça B, que estava na terceira divisão do campeonato espanhol.

Munido de princípios e teorias, foi confrontado pela primeira vez com a realidade da vida de treinador. Alertado por amigos sobre as dificuldades das divisões inferiores, o primeiro trabalho do técnico “blau-grana” (azul e grená) consistiu na seleção de um grupo.

Ele tinha poucos dias para reduzir o número de jogadores de 50 a 23, destruindo o sonho de vários. As primeiras dúvidas surgiram logo no primeiro jogo, que acabou… em derrota. Guardiola se empenhou, construiu um time no qual um certo Sergio Busquets se impôs no meio do campo; no qual, na ponta direita, Pedro Rodriguez oferecia seu jogo feito de percussões.

Dois meses após o início do campeonato, Guardiola resumiu: “Ser treinador é fascinante. É por isso que os treinadores acham tão difícil parar. O trabalho traz uma sensação permanente de excitação, de que o cérebro gira o tempo todo a cem por hora. Começar na terceira divisão me tornará um treinador melhor, se um dia eu ocupar o banco de um profissional. Hoje sou melhor que dois meses atrás.

“Nunca tinha sido confrontado com 25 caras esperando que eu dissesse algo. Hoje posso ficar tranquilo na frente deles. Antes, no intervalo, não sabia o que dizer.”


NÚMERO UM

Guardiola sabia as palavras certas, seu time venceu o campeonato e o Barça B subiu para a segunda divisão.

Ao mesmo tempo, no andar de cima, Rijkaard deixou escapar para o Real, pela segunda vez seguida, uma liga que estava na mão. Laporta entendia que o holandês não tinha mais autoridade sobre um grupo dominado pelos egos de Ronaldinho Gaúcho e Samuel Eto’o. Começou então uma disputa de poder nos bastidores do Camp Nou entre os conselheiros do presidente.

Laporta conta: “Minha ideia era que Johan [Cruyff] treinasse o time, tendo Pep como adjunto, e que, na temporada seguinte, ele virasse o número um. Johan não disse nada. Eu o conheço, sei que toma decisões rápido. Por fim, ele me disse que deveríamos nomear Pep logo. Txiki concordava: ‘Guardiola está pronto para ser treinador do primeiro time’. Propus essa solução numa reunião. Alguns eram a favor, outros queriam Mourinho. Falei: ‘Mourinho não, vai ser o Pep’.”

Em 8 de maio de 2008, menos de dois anos depois de receber o diploma de treinador, Guardiola foi nomeado técnico do time do qual fora capitão e símbolo por cerca de dez anos. Sua primeira medida foi impor o afastamento das três estrelas: Ronaldinho, Deco e Eto’o.

Os dois primeiros aceitaram; o camaronês ganhou uma temporada de descanso. No primeiro treino, Pep se dirigiu aos jogadores: “Não vou prometer que vamos ganhar títulos. Vamos tentar. Mas apertem bem os cintos, porque vocês vão passar ótimos momentos.”

Pep acabava de se tornar Guardiola.

--------------------------------------------------------------------------------
Publicado originalmente na revista francesa “So Foot”. Colaboraram Javier Prieto Santos e Aquiles Furlone, de Buenos Aires.





quinta-feira, 26 de abril de 2012

O Dia do Goleiro

Hoje é o dia daquele que toma bolada, que em diversas situações carrega nas costas a responsabilidade de uma partida, que muitas vezes é visto como estraga-prazeres, enfim, hoje é dia do atleta mais injustiçado do futebol: O GOLEIRO.


O futebol surgiu na Inglaterra no ano de 1863. Mas apenas em 1871 a posição de goleiro foi criada.

Inicialmente, a ideia era ter um jogador que pudesse pegar a bola com as mãos para dificultar a vida dos outros dentro de campo.

Obviamente, por evitar o momento mais esperado do esporte - o gol -, o goleiro passou a ser o homem a ser batido e ganhou o rótulo de "grande vilão" do espetáculo.

O Brasil, que desde a chegada de Charles Miller, o grande responsável pela implantação do futebol no País, já se mostrava interessado pelo esporte bretão, enfrentava grandes problemas no que diz respeito a goleiros.

Geralmente o guarda-metas é aquele jogador que não tinha nenhuma habilidade com os pés. Pior que isso, em muitos casos mandavam para debaixo das traves os gordinhos, sem nenhum preparo físico ou a menor condição de correr meio metro do campo.

Claro que houve uma mudança nesse perfil. Mesmo porque, concluiu-se que quanto mais condicionado for o goleiro, mais agilidade ele tirá. O rendimento, sem dúvida, será maior.

Porém, o camisa 1 continuava a ser taxado como um inimigo.

Até mesmo seus companheiros de equipe o desprezavam como se fosse o "patinho feio" do grupo. Cronistas esportivos e pessoas ligadas ao futebol costumava dizer que em campo seriam "10 jogadores e mais 1". E era exatamente dessa forma que o goleiro se sentia: Apenas 1, largado, abandonado, isolado.


O "vilão brasileiro"

Em 1950, na Copa do Mundo realizada no Brasil, a seleção Brasileira vinha arrasadora. Na primeira fase havia batido o México (4 a 0),  empatou com a Suíça (2 a 2) e venceu a Iugoslávia por (2 a 0). Em suas chaves, o Uruguai, Suécia e Espanha também fizeram boa campanha e, assim, disputaram um quadrangular final para saber quem seria o campeão.

No quadrangular, Brasil e Uruguai se sobressaíram e disputaram a finalíssima, disputada no estádio do Maracanã.
O País inteiro parou para acompanhar o que seria o primeiro título mundial do Brasil.

A seleção canarinho era, sem dúvida, grande favorita ao caneco. Após vitórias esmagadoras sobre Suécia e Suíça, bastava apenas um empate diante do Uruguai e o sonho estaria concretizado.  

Aos dois minutos de bola rolando na segunda etapa Friaça abre o placar. Os mais de 200 mil espectadores no Maracanã foram à loucura. A comemoração estava armada. Nada estragaria a festa, assim pensaram.

Enganaram-se.

O Uruguai empatou com um gol de Juan Alberto Schiaffino, após cruzamento de Alcides Ghiggia, pela direita.
E foi depois do empate, faltando pouco menos do que 11 minutos para o encerramento da partida, que o Brasil conheceu o gosto mais amargo da bebida uruguaia. E foi, também, o momento mais tenebroso para um goleiro brasileiro.

Como se fosse um replay do primeiro gol uruguaio, Ghiggia descia pela direita como um trator desgovernado. Barbosa, o camisa 1 da seleção canarinho, e que até então havia feito uma tremenda Copa, percebeu a chegada de Shiaffino dentro da grande área.

Barbosa, tentando antever a jogada que parecia certa, deu alguns passos à frente e esperou o cruzamento e estava pronto para interceptá-lo. 

Mas como o futebol é algo inexplicável, Ghiggia errou o chute - o mesmo confessou anos depois - e a bola foi diretamente para o gol, passando entre a trave esquerda e a perna de Barbosa.

Uma fatalidade.

O Maracanã calou-se e Barbosa, sem forças, foi erguendo-se do chão, de onde preferia ter enterrado sua cabeça de tanta vergonha e decepção.

Não há dúvidas de que o culpado da derrota seria ele.

Barbosa passou de herói a vilão em frações de segundo. Sua vida nunca mais fora a mesma, embora depois da Copa ainda tenha feito jogos incríveis pelo Vasco da Gama e conquistado títulos importantes.

Anos depois, quando o Brasil se preparava para disputar a Copa do Mundo dos EUA, em 1994, Barbosa foi à Granja Comari, visitar a seleção brasileira e passar um recado aos goleiros. Porém, foi impedido de entrar. Zagalo não permitiu sua visita...


A "evolução"   

No final da década de 1960, o goleiro do Palmeiras Valdir Joaquim de Morais anunciava sua aposentadoria.

Mas menos de um ano após deixar os gramados, Valdir de Moriais estaria novamente atuando nos gramados, porém como preparador de goleiros.

À época, o técnico do Palmeiras era Osvaldo Brandão, muito amigo de Valdir.

Valdir tinha um pequeno comércio em São Paulo e Brandão frequentava quase que diariamente o estabelecimento do amigo.

Numa dessas visitas, convidou Valdir para ser auxiliar técnico. Foi quando Valdir sugeriu a Brandão a ideia dele se tornar um treinador de goleiros do Palmeiras. Brandão topou.

O professor Valdir, como é conhecido hoje, se tornou o primeiro treinador de goleiros da história.

Ele foi o grande responsável pela evolução da profissão de goleiros, que passou a ter atenção especial e treinamentos específicos. Goleiros como Waldir Peres, Leão, Carlos, Zetti, Rogério Ceni, Marcos, entre outros, foram treinados por ele.


A Posição

De lá para cá os goleiros foram se aperfeiçoando.

Algumas técnicas tiveram de ser adotadas para se adaptar às novas regras do futebol que, por sinal, beneficiam o jogador de linha, claro.

Para que você acha que os organizadores proibem que o goleiro fique com a bola mais de cinco segundos? Ou que peguem a bola com a mão quando recuada por um jogador do mesmo time?

Obviamente para facilitar o gol, que é o grande momento do esporte.

A cada ano que passa as bolas ficam mais leves. Isso permite que o atacante, ao chutar, coloque mais força e mais efeito sobre a redonda, o que dificulta ainda mais a vida do guarda-metas.

Na última copa do mundo, em 2010, na África, por exemplo, os goleiros andaram reclamando da leveza da tal "Jabulani" - nome dado à bola da Copa de 2010. 

O goleiro Cassilas, da Espanha, foi um dos que fez duras críticas a respeito. "Às vezes, é um pouco triste que uma competição tão grande como um Mundial tenha um elemento tão importante como a bola com essas péssimas condições", reclamou.

O fato é que a imagem de vilão que perseguiu os "guapos" do passado hoje não existe mais. Pelo menos não como antigamente.

Hoje em dia temos muitos goleiros ídolos, que vestem a camisa e se tornam grandes líderes. Basta ver Rogério Ceni e Marcos, no São Paulo e no Palmeiras, respectivamente.

Como o próprio professor Valdir me disse, "o goleiro sempre foi peça fundamental para uma equipe. Mas apenas agora perceberam isso". Todo grande time começa por um grande goleiro.

No documentário "Goleiros: Onde não Nasce Grama, Surgem Ídolos", Zetti, ex-goleiro do São Paulo e Seleção Brasileira, afirma que o primeiro a ter seu contrato renovado no time, atualmente, é o goleiro. "O clube, quando percebe que o goleiro é bom, ele já renova com o atleta o quanto antes".

Enfim, tudo isso simplesmente para mostrar a importância do goleiro no cenário esportivo.

Até porque é ele quem sofre, cai, se machuca, toma bolada, ouvi gritos e ainda tem nas costas toda a responsabilidade de impedir o sucesso do adversário.

Portanto, parabéns a você que é goleiro, seja profissional ou amador, por esse dia tão especial.


  

quinta-feira, 29 de março de 2012

Até quando veremos pessoas morrendo e autoridades cruzando os braços?

Quatro dias após o confronto entre marginais das organizadas Mancha Verde e Gaviões da Fiel, que resultou na morte dos torcedores palmeirenses André e Guilherme, o assunto repercurte como uma bomba.

E de fato é uma bomba. Mas uma bomba que não para de explodir.

Aliás, não é de hoje que essa guerra causa pânico e medo em toda a sociedade. Pelo contrário. Há tempos os confrontos acontecem e tiram vidas de pessoas, às vezes, inocentes.

É verdade que nesse caso, segundo constatações da Polícia de São Paulo, os jovens que morreram estavam envolvidos diretamente na organização do confronto.

Mas o fato a ser discutido é a falta de preocupação por parte das autoridades (me refiro a Prefeito, Governador, Ministros, Presidente etc).

Lendo alguns blogs e matérias na internet que abordam o assunto, o que me deixou bastante sensibilizado foi o texto do repórter Cosme Rímoli, colunista do R7 - o portal de notícias da TV Record.

Eu adoraria comentar o que ele escreveu, mas o texto me deixou tão estarrecido, e ao mesmo tempo emocionado, que tomei a liberdade de reproduzí-lo inteiramente aqui no Papo de Bola.

Aproveito, inclusive, para parabenizar Rímoli pelo texto. Espero que ele chegue nas mãos de pessoas importantes desse país de modo que uma providência séria e definitiva - e não apenas um paleativo - seja tomada.


Veja o texto do Cosme Rímoli, extraído de seu blog, abaixo:


MORRERAM ANDRÉ E GUILHERME. MAS NÃO HÁ PROBLEMA ALGUM.
A MANCHA VERDE AINDA TEM COVAS ESPERANDO POR MAIS MORTES.
E ELAS VIRÃO. COM A CUMPLICIDADE DE DILMA, ALCKIMIN E KASSAB...

Chorando, Gildair Alves Lezo avisou.

No enterro do seu querido filho André nada que lembrasse a Mancha Verde.

Negou todos os pedidos de faixa, bandeira do Palmeiras em cima do caixão.

Nem o filho usaria nenhum adereço da torcida ou do clube que amava.

A mãe, evangélica, o vestiu com um terno.

E apesar do ferimento a bala na cabeça fez questão do caixão aberto.

Para todos pudessem ver as consequências do tiro que tomou na cabeça.

Gildair não teve forças para fazer os filhos gêmeos Tiago e André abandonarem a Mancha Verde.

Além deles, havia Lucas, gêmeo de André.

Como mãe ela sabia das brigas, dos confrontos com a polícia.

Teve a ilusão que ficando perto dos filhos os protegeria.

E se tornou uma participante de várias atividades sociais da torcida.

Principalmente distribuição de comida a desvalidos sem teto em São Paulo.

Mas a angústia sempre foi companheira da mãe dos palmeirenses.

O pai, militar, entendia a paixão dos filhos.

Só que não se dava conta de quanto tudo estava fugindo de controle.

Nem no ano passado, quando Lucas levou um tiro na perna em Presidente Prudente.

Foi em uma briga também com a torcida corintiana.

Apesar do susto, o garoto conseguiu se recuperar.

E voltou para a Mancha.

Ganhou o cargo de vice presidente.

Como se fosse uma medalha por bravura.

Sua voz era ouvida em várias decisões.

Torcedores dizem que ele e os irmãos Tiago e André não só sabiam da briga do domingo.

Como foram os mais ativos no preparativo para o confronto na Inajar de Souza.

Embora oficialmente a torcida garanta que tenha sido surpreendida pela Gaviões da Fiel...

Não é isso que muitos palmeirenses alegam.

E o selvagem confronto entre os 400 torcedores aconteceu.

Além das tradicionais barras de ferro, cano, facas, alguns levaram revolveres.

Os gêmeos Lenzi eram conhecidos e visados pelos corintianos.

As primeiras investigações da Polícia garantem que André não morreu por acaso.

A sua morte seria um prêmio para os Gaviões.

Gildair rezava todos os dias, pedia pelos filhos.

Não sabia que eles estavam jurados.

Até que chegou o domingo.

E na Inajar de Souza, avenida movimentada da Zona Norte de São Paulo, veio o confronto.

Policiais que estavam acompanhando a torcida do Palmeiras ao Pacaembu se afastaram.

Não tinham como enfrentar a raiva, a loucura das duas organizadas.

E assistiram a troca de golpes de barras de ferro nas cabeças dos menos afortunados...

Os rojões apontados para os rostos dos rivais.

Tijolos quebrados na testa dos torcedores.

Facadas.

E o tiro na cabeça de André.

A situação tomou uma proporção absurda.

A ponto de a Mancha Verde ter comprado 16 jazigos no cemitério Jaraguá.

Estão lá, reservados aos membros da torcida.

A mensagem é clara.

Podem morrer que a organizada garante o seu enterro.

Como pagou pelo de André.

E Guilherme Vinícius Jovanelli Moreira também terá o seu repouso eterno garantido.

O garoto de 19 anos da Mancha Verde acabou de ter a morte decretada.

Ele não suportou os golpes de barra de ferro que tomou na cabeça.

A violência do golpes causaram profundo traumatismo craniano.

Racharam sua cabeça.

Para a Mancha Verde só restam agora 15 covas.

Tiago Alves Lezo foi preso hoje.

Com ele foi encontrado um revólver que portava na briga.

Bastou a polícia se interessar e descobriu sua influência nos conflitos da Mancha.

Dois membros da Gaviões da Fiel também estão presos.

São suspeitos de terem dado o tiro que matou André.

A Polícia invadiu as sedes da Gaviões e da Mancha.

Levaram computadores.

Estão atrás do que todos sabiam há anos.

Que as facções combinavam brigas pela Internet.

Os policiais vasculham as sedes em busca dos arsenais dos torcedores.

Das barras de ferro, rojões, socos ingleses, facas e revólveres.

Enquanto isso, ninguém mais se lembra da dor de dona Gildair.

Enterrou um filho.

E passa pela vergonha de ter o outro preso.

Por imbecis brigas entre torcedores.

Mais uma família destroçada.

Por nada.

Mas vale lembrar para qualquer outra mãe desesperada.

Outra que tenha um filho na Mancha Verde.

Pelo menos com o velório e com o enterro não há o que se preocupar.

A torcida garante.

Mesmo com a morte de André e Guilherme tudo está sob controle.

Não há porque ter medo.

Ainda restam 15 covas para no cemitério Jaraguá...

Esta é a São Paulo de Geraldo Alckmin...

De Gilberto Kassab...

O Brasil de Dilma Rousseff...

Todos cúmplices nessas mortes...

Seus braços cruzados diante de uma legislação frouxa ajudaram a matar André e Guilherme.

E os muitos que ainda virão.

Para desespero de várias donas Gildair espalhadas pelo País.

Pobres donas de casas...

Que ficam o coração na mão quando chegam as quartas-feiras e os domingos.

Quando seus filhos colocam a camisa da organizada e saem de casa.

Sem a menor certeza que de que vão voltar...