quinta-feira, 26 de março de 2015

São Paulo: Há muita coisa errada nesse time

Bastou o apito final na Arena Allianz (estádio do Palmeiras) para a revolta tomar conta do ambiente do São Paulo.

Assim como o torcedor sãopaulino, o vice-presidente de futebol do Tricolor, Ataíde Gil Guerreiro, demonstrou toda sua insatisfação com o desemplenho da equipe apresentado nessa trágica quarta-feira.

Disse que "tem alguma coisa errada" e que ele vai descobrir o que é. Falou também que "não pode um time como esse jogar dessa forma e perder como perdeu"

Oras, Sr. Ataíde, que há alguma coisa errada está mais do que evidente. A começar pela falta de entendimento entre a diretoria e o técnico Muricy Ramalho.

Não é de hoje que sabemos que existe uma divergência interna no que diz respeito à permanência de Muricy no cargo.

Isso é claro.

Mas ruim mesmo está dentro de campo.

Enquanto Rogério Ceni segue insistindo em prorrogar sua aposentadoria, o que na mina opinião já deveria ter acontecido há pelo menos dois anos, o time mostra grandes sinais de fragilidade em todos os setores.

A "começar pelo começo" (sim, com redundância).

O sistema defensivo do São Paulo é muito fraco. Explico:

Não é de hoje que o Rafael Tolói mostra imaturidade e nervosismo. Já provou em outras situações que quando tem de mostrar liderança e assumir a responsabilidade, se esconde ou faz alguma besteira.

Ontem foi expulso logo após o São Paulo sofrer o primeiro gol, no erro grotesco do "Mito". Ou seja, piorou ainda mais a situação da equipe na partida.

Já Lucão, coitado, é um garoto que sozinho não segura a bronca. Precisa de um xerife do lado passando as cordenadas. Tem muito ainda o que apreder.

No banco de reservas também não há opções.

Rodrigo Caio pode ser uma alternativa, mas o garoto acaba de retornar de lesão e ontem não estava nem no banco porque servia à seleção Brasileira olímpica. O único que sobra é o péssimo Paulo Miranda, que, com todo respeito, não joga no meu time de bairro da Aclimação.

Para tentar solucionar esse "buraco", o Presidente Miguel Aidar acertou o empréstimo do zagueiro Dórea, no início da temporada. No entanto, o jogador mais fica no departamento médico do que dentro de campo.

Nas poucas vezes em que atuou, Dórea apresentou um futebol muito abaixo do que o esperado e não convenceu o torcer.

O clube também acertou o retorno de Breno, que estava preso na Alemanha por colocar fogo em sua própria casa. Tecnicamente Breno é muito bom, mas ainda está recuperando a forma física para voltar a atuar.

Se conseguir se recuperar psicologimanete, talvez seja uma luz no fim do túnel.

Nas laterais, outro grande problema.

Tanto Bruno (na direita) quanto Carlinhos (na esquerda) não têm poder de marcação. Além disso, ficou claro que ambos sofrem quando o assunto é subir para apoiar o ataque, ou até mesmo cruzar uma bola para o companheiro.

Sem criatividade, os dois são obrigados a recuar as jogadas, forçando o time a pensar em outras alternativas para avançar à área adversária.

Foram péssimas contratações.

Ainda tento entender como o São Paulo deixou escapar o Álvaro Pereira, que para mim era um grande jogador e que não se omitia em campo.

No setor de meio de campo talvez esteja o maior problema.

A dupla de volantes Souza e Denilson, que deveriam firmar a marcação e, ao mesmo tempo, sair para o jogo, dando opções para os meias, parece bater cabeça e exagerar nas faltas duras, o que muitas vezes prejudica a equipe.

No caso de ontem, Hudson substituiu Souza que, sabe-se lá como como, foi convocado pelo técnico Dunga para a integrar à Seleção Brasileira.

O garoto até que não foi dos piores em campo, mas deixou alguns buracos que deram espaço para o toque de bola rápido do Palmeiras.

Denilson, que foi capitão do Tricolor na partida de ontem, se mostrou perdido na marcação. Corria por todos os cantos feito uma barata tonta.

Um pouco mais à frente está Ganso e Michel Bastos, que teoricamente deveriam ser os responsáveis por fazer a bola chegar aos atacantes.

Michel até que tem feito um bom trabalho. É um jogador rápido, inteligente, com um bom chute e que tem mostrado muita vontade de vencer.

É, na opinião de muitos, talvez da maioria, o melhor jogador do São Paulo nessa temporada.

É verdade que ontem não fez uma boa partida. Mas a torcida o poupou das críticas pelo que tem apresentado nos últimos jogos.

Já o Ganso. Meu Deus!

Sua lentidão é de dar desespero.

Mais uma vez esteve apagado em campo, se escondendo do jogo. Parecia que nem estava dentro das quatro linhas. E isso tem acontecido em todos os jogos.

Na última quarta-feira, contra o San Lorenzo, no Morumbi, em partida válida pela fase de grupos da Taça Libertadores da América, o meia foi muito vaidado pela torcida enquanto era substituído.

Eu me pergunto: Como pode um jogador que possui tanta habilidade e inteligência ser tão desprendido de comprometimento e vontade?

Não é à toa que a diretoria já estuda a possibilidade de negociá-lo com o primeiro clube que se interessar por ele.

No setor ofensivo, alguns problemas.

Talvez por conta do nome que construiu no clube, Luis Fabiano tem sua cadeira cativa garantida, embora o técnico Muricy diz constantemente que no time dele joga aquele que estiver melhor.

"Sei não"... Não é o que temos visto.

O camisa 9 é o que chamamos na várzea de "cone". Ou seja, aquele jogador parado, que mal se movimenta, que espera por uma bola muito bem colocada para apenas chutar ao gol.

E nos dias de hoje, meu caro, se o atacante não buscar o jogo, não fará gol. A não ser contra times pequenos como esses que se vê no Campeonato Paulista.

Ontem o "fabuloso" não jogou porque sentiu dores na coxa durante a semana, e deu chance para Alan Kardec voltar ao time titular.

Por falar em Kardec, esse jogador tem o mesmo perfil de Luis Fabiano.

É um atacante mais lento (talvez não tanto quanto L.F), e que atua dentro da área, dificilmente voltando para buscar jogo.

Com a expulsão de Tolói, Kardec ficou praticamente isolado no ataque, já que Pato foi substituído por Edson Silva para recompor o setor defensivo.

Resultado: um desastre. O São Paulo sequer chutou a gol.

Por falar em Pato, creio que ele ainda seja a melhor opção na frente, até por conta da velocidade que impoe sobre o adversário.

Obviamente está longe de ser um Serginho Chulapa, um Careca, um Muller, um Palhinha, um França. Mas, dentro das opções que o clube oferece, talvez seja a melhor aposta a se fazer.

Acho até que ontem poderia ser um jogo interessante para ele, mas acabou pagando pelo erro grotesco de seu colega Rafael Tolói.

Ainda tem o argentino Centurión, que até me parece muito habilidoso, mas ao mesmo tempo um pouco afobado. Na maioria das vezes, recebe a bola, abaixa a cabeça e corre feito maluco, meio sem direção certa. Um "vaca louca".

Resumindo, há muita coisa errada, Sr. Ataíde. Há muito o que trabalhar nesse clube.

E se não correr para se preparar para o Brasileirão, correrá sérios riscos de reaixamento na competição nacional.

Preste atenção, São Paulo.

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