Assim que o árbitro apitou o final de jogo, na vitória do Santos sobre o São Paulo, por 2 a 0, Rogério Ceni declarou aos repórteres que "o São Paulo jogou melhor que o Santos". Fernandinho, atacante da equipe, reforçou, mesmo sem saber qual foi o discurso do capitão, que o Tricolor foi melhor no clássico.
Nem Rogério Ceni e nem Fernandinho falaram besteira. Só não viu quem não quis. Porém, há uma explicação:
Desde o começo de jogo o toque de bola da equipe do Morumbi foi melhor, e assim o São Paulo chegava mais vezes ao campo de ataque. O Santos, por sua vez, de vez em quando armava algum contra ataque. Nada que levasse, de fato, perigo ao gol de Ceni.
Mas como meu sábio avô, Murillo Tucci, dizia, "quem não faz, toma". E foi nessa teoria que o torcedor do Santos viu o Peixe abrir o placar depois de uma falha que reputo 100% à defesa são-paulina. Primeiro com o Miranda que vacilou e deixou Róbson cruzar perfeitamente para dentro da área adversária. Depois para Xandão que deu todo o espaço do mundo para Elano receber e mandar para o fundo da rede.
Ainda assim o São Paulo não se abateu e voltou a mandar no jogo. Principalmente debaixo da chuva que caiu sobre o estádio de Barueri.
Carlinhos Paraíba fez boa marcação e articulou melhor o toque de bola pelo meio de campo, fazendo a redonda chegar nos atacantes. Porém, esse é o setor de maior dificuldade na equipe. Não se pode confiar no trio Fernandão, Fernandinho e Dagoberto.
É óbvio que o clube paulista carece de um meia armador, alguém de inteligência, de criação, com toque de bola refinado e que dê outra cara para a equipe. E para isso acredito na capacidade e competência de Rivaldo, que deve estrear no próximo jogo, contra o Linense. Mas no duelo de hoje, o que faltou mesmo foi um atacante para concluir as boas oportunidades que pintaram.
Portanto, realmente o São Paulo jogou melhor do que o Santos, mas no futebol o que vale é bola na rede, e isso o Peixe fez duas vezes na partida de hoje. Para chegar à vitória é preciso balançar a rede.
E é neste momento que o técnico Paulo César Carpegiani sente a ausência de Ricardo Oliveira. Um atacante rápido, habilidoso e que poderia fazer dupla com um dos meninos do sub-20 que estão arrebentando na Sul-Americana (Henrique ou Wilian José) e que logo estarão à disposição do treinador são-paulino.
A torcida é exigente, sabemos, mas as reclamações não têm sido exageradas. É inaceitável um clube que já teve Leônidas, Friedenreich, Gino Orlando, Toninho Guerreiro, Serginho Chulapa, Careca, Muller, Palinha, Luis Fabianao, França, dentre outros, mantenha no elenco atual caras como esses que já citei (Fernandão, Dagoberto, Fernandinho, além de Marlos).
E não pensem que a culpa para o mau resultado da equipe está apenas no elenco, que sabemos que é pra lá de limitado, mas sim na fraca e incompetente diretoria que não toma uma atitude. O presidente e seus diretores puxa-sacos dizem que o São Paulo não faz loucura em relação a contratações. Para eles, jogador bom, de nome, de qualidade, só veste a camisa tricolor se for de graça. E de graça, meu amigo, ninguém trabalha.
É por isso que esse ano o São Paulo será novamente coadjuvante em todos os campeonatos que disputar. Ficará, em 2012, mais um ano fora da Libertadores da América, o que é absolutamente imperdoável para a torcida são-paulina.
A não ser, caros amigos, que uma mudança radical no jeito de se administrar o clube aconteça nas próximas horas. A política de trabalho precisa ser revista. Mas isso não pode ser amanhã. Precisa ser hoje.
Acorda, São Paulo...