A história de Telê no futebol começa muito cedo. Desde seus primeiros jogos, ainda como amador, o jovem "Fio de Esperança", como ficou conhecido mais para frente por seu porte físico magro, já se destacava entre os colegas e não demorou muito para assinar contrato com o clube do seu coração, o Fluminense, em 1950. Lá ele conquistou o campeonato Carioca, em 51 e 59, além da Copa Rio, em 52.
Mas não foi como jogador que seu nome ficou definitivamente registrado nos arquivos do futebol. Telê construiu uma brilhante carreira como treinador de futebol, passando por grandes clubes do Brasil, além de ter comandado por duas vezes a seleção Brasileira.
Sua característica era bastante peculiar, e sempre que se fala de Telê Santana, associa-se a um futebol que dá gosto de assistir, que joga bonito, com classe, com categoria, limpo, sem violência. E "ai" daquele que não entrasse nesse perfil...
Iniciou na profissão de treinador em 69, comandando exatamente o clube que tanto defendeu como jogador, o Fluminense. Não demorou para sagrar-se o campeão estadual, além de formar a base que, pouco tempo depois, seria campeã do Torneio Roberto Gomes Pedrosa.
O primeiro Campeonato Brasileiro veio em 1971. Nesse época, Telê dirigia a equipe do Atlético-MG, sendo o primeiro a conquistar um Campeonato Nacional. Seis anos mais tarde, em 77, venceu o Campeonato Gaúcho pelo Grêmio, quebrando um tabu de oito anos de domínio do rival Internacional no Rio Grande do Sul. Em 79, foi a São Paulo comandar o Palmeiras. Fez um trabalho maravilhoso no Verdão, levando a equipe à semifinal do Brasileiro.
Com tantas glórias conquistadas dentro de grandes clubes brasileiros, o então presidente da CBF, Giulite Coutinho, o convidou para ser o comandante da seleção canarinha na Copa de 82. Telê, que adorava desafios, não hesitou em aceitar o convite.
Há quem diga, e não são poucos, que essa seleção foi a melhor de todos os tempos. A seleção que jogava por música, que fazia até chover. Uma equipe que encantava os olhos de quem a assistia. Dizem também, que talvez tenha sido mais "time" do que a equipe campeã de 1970, comandada pelo técnico Zagallo, e orquestrada dentro de campo por Pelé. Infelizmente eu não era nascido em nenhuma das duas seleções para dar o meu "pitaco" a respeito.
Mas nem sempre o melhor vence. No futebol, e Copa do Mundo mais ainda, o detalhe faz a diferença. Um simples descuido e tudo pode ir por água abaixo. Às vezes, nem mesmo o descuido, mas o fator sorte também pode ser fatal e decisivo.
Não sei explicar o que de fato aconteceu, mas o Brasil perdeu para a Itália, nas quartas-de-final, por 3 a 2, em tarde inspirada do italiano Paolo Rossi. foi a primeira decepção de Telê.
Foi dessa forma que Telê decidiu não mais comandar uma seleção. Ainda chateado, o treinador aceitou uma proposta dos sauditas para comandar o Al-Ahly. Seu trabalho por lá foi bastante satisfatório, mas outro desafio chegou a Telê: ser o técnico da seleção Brasileira na Copa de 86. E ele aceitou mais esse desafio.
Novamente não teve sucesso com a camisa verde e amarela. Dessa vez foi desclassificado pela França, de Platini, nos pênaltis. Assim surgiu a fama de pé frio, que aliás durou pouco porque quatro anos depois, Telê calaria de vez os críticos. Em 1990 o seu destino estava traçado e tinha um nome: São Paulo Futebol Clube.
Foi no Tricolor do Morumbi que o "mestre", como ficou conhecido pela torcida, deu a volta por cima e conquistou títulos inesquecíveis. Talvez os títulos mais importantes de toda sua carreira. No campeonato paulista teve dobradinha, vencendo em 1991 e 1992. Também em 91, conquistou o Campeonato Brasileiro, que lhe daria direito de disputar a Taça Libertadores da América do ano seguinte.
Com um estilo 100% Telê Santana de ser, o São Paulo venceu duas vezes a Libertadores e o Mundial Interclubes (92-93), reascendendo novamente seu nome no futebol brasileiro e legitimando sua competência que um dia havia sido colocada em xeque.
Os títulos não pararam por aí. Ainda pelo Tricolor Paulista, levantou a Taça da Supercopa da Libertadores, em 93, contra o Flamengo - por sinal um dos jogos mais emocionantes que assisti -, e duas Recopas Sul-Americanas, em 93 e 94.
Quisera seu maior problema fosse apenas não levar uma Copa do Mundo. Em 1996, sofreu uma isquemia cerebral que o obrigou a fazer aquilo que ele mais temia: deixar o futebol precocemente.
Dez anos depois, o nosso "mestre" nos deixaria. Perdemos o melhor técnico de todos os tempos. Aliás, Telê não era apenas um técnico, mas um professor de futebol. Ele tinha o "dom" de formar jogadores. E não apenas formá-los como atletas, mas como pessoas, como cidadãos.
Embora pareça redundante: " Quem viu, não esquece. Mas quem não viu, infelizmente, perdeu um dos melhores esquadrões da história.
6 comentários:
impossível não se emocionar quando o assunto é o nosso mestre!
sem dúvidas, o maior de todos os tempos!
Telê, obrigado por tudo!
Faço das suas, as minhas palavras, caro Max.
Telê foi, é e sempre será o melhor treinador de todos os tempo, assim como Pelé é o Rei.
Obrigado pela sua visita,
Seja sempre bem-vindo.
Simplesmente lindo o texto, Fernando. Parabéns...
saudades do mestre.
Eternooooooooo!!!
Texto Maravilhoso, parabéns Fernando! Essa era jamais será esquecida!
Rubia, Luhme e Aline,
Obrigado pelos comentários!
Sejam sempre bem-vindos no PBFR
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